Revista Brasileira de Anestesiologia (Aug 2006)
Transporte de pacientes sem oxigenoterapia para a sala de recuperação pós-anestésica: repercussões na saturação de oxigênio e fatores de risco associados à hipoxemia Transporte de pacientes sin oxigenoterapia para la sala de recuperación postanestésica: repercusiones en la saturación de oxígeno y factores de riesgo asociados a la hipoxemia Transportation of patients to the post-anesthetic recovery room without supplemental oxygen: repercutions on oxygen saturation and risk factors associated with hypoxemia
Abstract
JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS: O transporte de pacientes da sala de cirurgia para a sala de recuperação pós-anestésica sem o uso de oxigenoterapia suplementar é prática comum, sendo utilizada apenas em pacientes de alto risco para o desenvolvimento de hipoxemia. O objetivo deste estudo foi avaliar a incidência das alterações na saturação de oxigênio durante esse transporte e identificar os fatores de riscos associados ao desenvolvimento de hipoxemia. MÉTODO: Avaliou-se uma amostra de 882 pacientes de ambos os sexos, estado físico ASA I, II e III, submetidos a intervenções cirúrgicas eletivas de várias especialidades e sob quatro técnicas anestésicas. A variável de saturação de oxigênio foi medida e registrada imediatamente antes da saída da sala de cirurgia e, de novo, na admissão na sala de recuperação pós-anestésica. RESULTADOS: Houve maior incidência de hipoxemia moderada/intensa durante o transporte de pacientes do sexo feminino (14,47%), nos pacientes estado físico ASA II e III (14,74% e 16,46%, respectivamente) e naqueles submetidos a cirurgias cardiotorácicas (28,21%), gastroproctológicas (14,18%) e de cabeça-pescoço (18,18%). A anestesia geral, entre as técnicas anestésicas empregadas, foi fator de risco associado ao desenvolvimento de hipoxemia. CONCLUSÕES: Existem fatores associados à ocorrência de hipoxemia durante o transporte da sala de cirurgia até a sala de recuperação pós-anestésica. A utilização seletiva de oxigenoterapia deve ser orientada pela presença desses fatores de risco, ou pelo uso do oxímetro de pulso, com o intuito de diminuir a morbimortalidade e a incidência de hipoxemia no pós-operatório imediato.JUSTIFICATIVA Y OBJETIVOS: El transporte de pacientes de la sala de cirugía para la sala de recuperación postanestésica sin el uso de oxigenoterapia suplementaria es una práctica común, siendo utilizada apenas en pacientes de alto riesgo con desarrollo de hipoxemia. El objetivo de este estudio fue el de evaluar la incidencia de las alteraciones en la saturación de oxígeno durante ese transporte e identificar los factores de riesgos asociados al desarrollo de la hipoxemia. MÉTODO: Se evaluó una muestra de 882 pacientes de ambos sexos, estado físico ASA I, II y III, sometidos a intervenciones quirúrgicas electivas de varias especialidades y bajo cuatro técnicas anestésicas. La variable de saturación de oxígeno se midió y registró inmediatamente antes de la salida de la sala de cirugía y nuevamente, a la admisión de la sala de recuperación postanestésica. RESULTADOS: Se registró una mayor incidencia de hipoxemia moderada/intensa durante el transporte de pacientes del sexo femenino (14,47%), en los pacientes estado físico ASA II y III (14,74 y 16,46%, respectivamente) y en aquellos sometidos a cirugías cardiotorácicas (28,21%), gastro-proctológicas (14,18%) y de cabeza y cuello (18,18%). La anestesia general, entre las técnicas anestésicas empleadas fue un factor de riesgo asociado al desarrollo de la hipoxemia. CONCLUSIONES: Existen factores asociados al aparecimiento de hipoxemia durante el transporte de la sala de cirugía hasta la sala de recuperación postanestésica. La utilización selectiva de oxigenoterapia debe ser orientada por la presencia de esos factores de riesgo, o por el uso del oxímetro de pulso, con la intención de disminuir la morbimortalidad y la incidencia de hipoxemia en el postoperatorio inmediato.BACKGROUND AND OBJECTIVES: The transportation of patients from the operating room to the post-anesthetic recovery room without supplemental oxygen is a common practice, since oxygen supplementation is used only in patients at high risk of developing hypoxemia. The objective of this study was to evaluate the incidence of changes in oxygen saturation during this transportation and to identify the risk factors associated to the development of hypoxemia. METHODS: A cohort of 882 patients of both genders, physical status ASA I, II, and III, who underwent elective surgeries of several subspecialties using four different anesthetic techniques, was evaluated. Oxygen saturation was measured and recorded just before the patients left the operating room and as soon as they arrived in the recovery room. RESULTS: There was a greater incidence of moderate to severe hypoxia during the transport of female patients (14.47%), patients with physical status ASA II and III (14.74% and 16.46%, respectively), and those who underwent cardiothoracic (28.21%), gastroproctologic (14.18%), and head and neck (18.18%) surgeries. Among the anesthetic techniques used, general anesthesia was a risk factor associated with the development of hypoxia. CONCLUSIONS: There are factors associated with the development of hypoxia during the transportation of patients from the operating room to the post-anesthetic recovery room. The selective use of supplemental oxygen should be guided by the presence of those risk factors or by the use of a pulse oxymeter, in order to reduce the morbidity, mortality, and the incidence of hypoxemia early in the post-operatory period.
Keywords