Revista Brasileira de Educação Médica ()

Saúde, democracia e organização do trabalho no contexto do Programa de Saúde da Família: desafios estratégicos

  • Túlio da Silva Junqueirai,
  • Rosângela Minardi Mitre Cotta,
  • Ricardo Corrêa Gomes,
  • Suely de Fátima Ramos Silveira,
  • Rodrigo Siqueira-Batista,
  • Tarcísio M. Magalhães Pinheiro,
  • Elza Machado de Melo

DOI
https://doi.org/10.1590/S0100-55022009000100016
Journal volume & issue
Vol. 33, no. 1
pp. 122 – 133

Abstract

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A democracia deve promover a satisfação de interesses diversos (o bem comum), o que é imprescindível à construção dos consensos, quando possível, entre os distintos atores. A partir de meados da década de 1970, o Brasil passa por importantes transformações político-democráticas, configurando-se em anos de mudanças nos paradigmas da saúde. Com a Constituição de 1988 e a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), os gestores, trabalhadores e usuários do sistema se deparam com uma nova forma de pensar, estruturar, desenvolver e produzir serviços e assistência em saúde - modelo de produção social em saúde. Entretanto, para promover o desenvolvimento da real ruptura com o modelo sanitário anterior - flexneriano -, as relações trabalhistas devem superar a precarização do trabalho por meio de medidas como investimentos consistentes nas áreas da gestão de recursos humanos, com a criação de meios de discussão para uma gestão democrática. O presente artigo tem como proposta repensar as relações entre a democracia e a saúde, a partir da análise reflexiva das práticas de gestão do trabalho no Programa de Saúde da Família (PSF), no contexto das reformas políticas. Entende-se que a efetiva consolidação do PSF como reorganizador da Atenção Básica, possibilitará configurar novos arranjos institucionais, capazes de repercutir na cultura sociopolítica do País, e contribuirá para a construção de políticas mais eficazes, justas e solidárias propostas pelo SUS.

Keywords