Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)

LOCK TERAPIA COM ANFOTERICINA B LIPOSSOMAL PARA TRATAMENTO DE INFECÇÃO DE CORRENTE SANGUÍNEA POR CANDIDA PARAPSILOSIS EM PACIENTE RENAL CRÔNICA COM FALÊNCIA DE ACESSO - RELATO DE UM CASO BEM SUCEDIDO

  • Carolina Oliveira Venturotti,
  • Cristiane Melo Guedes,
  • Ana Carolina Baptista Salmistraro,
  • Clarisse Pimentel

Journal volume & issue
Vol. 27
p. 102854

Abstract

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As infecções de corrente sanguínea (ICS) são um importante problema associado aos cuidados em saúde, especialmente para os pacientes portadores de cateteres de longa permanência, sendo a candidemia uma das infecções mais graves e desafiadoras. Como fator complicador, alguns pacientes apresentam incapacidade de retirada do cateter, sendo necessárias estratégias alternativas para o tratamento das ICS. Neste trabalho relatamos um caso de tratamento bem sucedido de candidemia com manutenção do cateter. Mulher, 36 anos, renal crônica desde os 13 anos devido refluxo vesicouretral, com história prévia de transplante renal perdido após 9 anos e com falência múltipla de acessos e fístulas, atualmente em diálise por cateter de longa permanência em veia subclávia direita, apresentando febre há 1 mês durante hemodiálise em clínica satélite, sem demais queixas. Interna em enfermaria de hospital público no Rio de Janeiro para investigação, mantendo febre, porém com estabilidade hemodinâmica, com hemocultura apresentando Candida parapsilosis sensível a todos antifúngicos. Optado pelo início de Fluconazol intravenoso, sendo mantido o cateter devido impossibilidade de retirá-lo e pelo bom estado geral da paciente. Apesar de ter havido resolução da febre, novas hemoculturas após 48h e 96h de início da medicação persistiram positivas, sendo realizado ecocardiograma transtorácico e transesofágico sem evidência de vegetação. Optado por troca do antifúngico para Anfotericina B lipossomal 3 mg/kg sistêmica diariamente e em lock terapia no cateter na dose 2,5 mg/mL (Anfotericina B diluída em heparina e soro glicosado 5%), com negativação de hemocultura em 48h. A lock terapia foi mantida por 14 dias e mantido o tratamento sistêmico por mais 1 mês, três vezes por semana após a diálise em esquema de hospital dia, com hemoculturas quinzenais, sempre negativas. Apesar das evidências robustas que reforçam a necessidade de retirar dispositivos invasivos na evidência de candidemia, os pacientes renais crônicos são um desafio no tratamento das ICS por fungos, já que muitos não podem retirar seu único acesso para hemodiálise. A lock terapia com Anfotericina lipossomal já está descrita em trabalhos na literatura e este relato de caso corrobora com os demais resultados positivos encontrados, sendo um alternativa para uma complicação comum e com altas taxas de óbito para os pacientes em falência total de acesso.

Keywords