Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

DIFERENÇA NO DIAGNÓSTICO DE HEMOGLOBINOPATIAS E DIFERENTES FORMAS DE DREPANÓCITOS

  • IP Roman,
  • MF Barros,
  • RAT Takaes,
  • DB Menin,
  • LT Miranda,
  • MC Capelin,
  • RA Martini,
  • VS Araújo,
  • T Brustolin,
  • MAF Chaves

Journal volume & issue
Vol. 46
pp. S94 – S95

Abstract

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Objetivos: Relatar um caso de anemia falciforme com células falcizadas em formato de aveia e barco, na qual a paciente apresentava diagnóstico inicial de talassemia. Relato de caso: Trata-se de uma paciente do sexo feminino, 24 anos, venezuelana, com diagnóstico inicial de talassemia. Há 2 anos é cadeirante devido a osteomielite e realizou esplenectomia aos 4 anos de idade. Foi admitida no hospital proveniente da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), referindo dores no peito e nas pernas, pálida e com sangramento vaginal. Ao ser realizado os exames laboratoriais de rotina, em seu primeiro hemograma, apresentou: Eritrócitos: 1,98 milhões/mm3, Hemoglobina de 6,5 g/dL, RDW: 22,3%, 56 eritroblastos em 100 leucócitos contados e com as seguintes alterações eritrocitárias: anisocitose ++, poiquilocitose +, eliptócitos +, codócitos ++, esquizócitos +, pontilhado basófilo + e policromasia +++. Achados esses que são característicos de anemias hemolíticas. No seu segundo hemograma realizado no hospital, apresentou os seguintes resultados: Eritrócitos: 1,82 milhões/mm3, Hemoglobina de 6,0 g/dL, RDW: 22,4%, 62 eritroblastos em 100 leucócitos contados e com as seguintes alterações eritrocitárias: anisocitose ++, macrocitose +, poiquilocitose +++, eliptócitos +, codócitos ++, drepanócitos ++ e policromasia ++. Os drepanócitos, principal característica da anemia falciforme, podem apresentar variadas formas, dentre elas clássica, envelope, meia-lua, aveia e barco. A paciente apresentou as células falcizadas com predomínio das formas de aveia e barco, sendo que as em formato de barco são muito parecidas com eliptócitos. Foi realizado para diagnóstico definitivo o exame de eletroforese de hemoglobina, com os seguintes resultados: HbS: 88,6%, Hb fetal: 6,4%, Hb A2: 2,7% e Hb A: 2%. Com o conjunto desses exames, ficou definido o diagnóstico como anemia falciforme, excluindo a talassemia, e concluiu que os sintomas que ela apresentava eram de uma crise falcêmica. Discussão: As hemoglobinopatias acarretam alteração na produção de hemoglobina, dentre elas as mais comuns são a falciforme e a talassemia. Essas anemias também são caracterizadas como hemolíticas. O hemograma é um dos exames mais importantes para auxiliar nos diagnósticos dessas doenças. As principais características de uma doença falciforme são a presença de hemácias em formato de drepanócitos, mas para isso é necessário ter profissionais qualificados para conseguirem diferenciar as formas das hemácias, juntamente com os diagnósticos diferenciais como eletroforese de hemoglobina, teste de falcização e teste de solubilidade. Outra possibilidade é a paciente já ter recebido o diagnóstico de anemia falciforme, mas ter se confundido com os nomes das doenças, o que faz necessário sempre serem realizados laudos dessas doenças genéticas para que a paciente possa levar consigo. Também poderiam ser implementados em sistemas ou até mesmo em documentos oficiais a descrição da doença genética que o indivíduo apresenta. Conclusão: Em casos como este, é imprescindível que os profissionais e o sistema de saúde melhorem em três pontos: primeiro, os profissionais devem sempre buscar qualificações para entregar resultados que facilitem o diagnóstico; segundo, é necessário realizar estudos para identificar células em formatos diferentes dos convencionais; terceiro, a secretaria de saúde deve conseguir implementar os diagnósticos dos indivíduos em documentos oficiais ou aplicativos.