Brazilian Journal of Infectious Diseases (Jan 2022)

INFECÇÕES RELACIONADAS A ASSISTÊNCIA À SAÚDE E COVID-19: IMPACTO NOS DESFECHOS CLÍNICOS E PERFIL MICROBIOLÓGICO EM UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA DA CIDADE DE ARARAS – SP

  • Juliana Cristina Tangerino,
  • Gabriela Carolina Tangerino,
  • Antonio de Jesus dos Santos,
  • Juliana Moscardi,
  • Maria Eduarda Webber Bonato,
  • Luiz Fernando Amaro

Journal volume & issue
Vol. 26
p. 102250

Abstract

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Introdução: A pandemia por SARS-CoV-2 está associada a pacientes que sofrem de síndrome respiratória aguda grave, permanecendo períodos significativos em unidades de terapia intensiva (UTI), com até 80% necessitando de ventilação mecânica invasiva. Posição prona, sedação, bloqueadores musculares são usados por vários dias, além disso, corticosteróides, imunomoduladores e linfopenia podem diminuir a resposta imune. Estes fatores estão associados a um risco elevado de infecções relacionadas a assistência à saúde (IRAS). Objetivo: Comparação da incidência, perfil microbiológico de casos de IRAS e desfecho clínico de pacientes internados em UTI por covid-19 em hospitais público e privado do interior paulista. Metodologia: Obtenção de dados por meio dos prontuários médicos, sendo incluídas notificações de pacientes com diagnóstico de covid-19, que evoluíram com IRAS em UTI. O estudo foi retrospectivo, de janeiro a julho de 2021. Posteriormente, os dados foram submetidos a análise estatística. Resultados: Foram computadas 139 IRAS em 122 pacientes nos dois hospitais, público e privado, com prevalência do sexo masculino (57.4%), média de idade de 54 anos e letalidade em 56,5%. Os pacientes evoluíram com pneumonia relacionada ao uso do ventilador mecânico (PAV) em 65,5%, com infecção primária de corrente sanguínea por uso de cateter venoso central em 23% e 11.5% com infecção do trato urinário por uso de sonda vesical de demora. Dentre os pacientes que evoluíram a óbito, a média de internação foi de 24 dias, 71% deles apresentavam ao menos uma comorbidade entre hipertensão arterial sistêmica ou diabetes mellitus. Ao menos 58% dos pacientes que evoluíram a óbito não haviam recebido doses da vacina contra SARS-CoV-2. Com relação ao hospital público foram observadas 90 IRAS, com uma taxa de letalidade de 62%, prevalência do microrganismo Acinetobacter baumannii resistente aos carbapenêmicos (59%) e pacientes que evoluíram com PAV (72,2%). No hospital privado foram computadas 49 IRAS, dados divergentes com relação ao hospital público, com 45% de letalidade, prevalência de microrganismos gram negativos multissensíveis (55%) e pacientes que evoluíram com PAV (53%). Conclusão: A adesão aos protocolos de prevenção de IRAS são fundamentais para o controle de casos de infecções hospitalares e disseminação de bactérias multirresistentes. O controle de comorbidades e a vacinação contra SARS-Cov-2 são fatores importantes nos desfechos clínicos dos pacientes com covid-19.