RAM. Revista de Administração Mackenzie (Feb 2023)

Uma apreciação crítica da abordagem de caráter científico dominante da justiça organizacional / A critical appraisal of the scientific dominant approach to organizational justice

  • Francisco R. B. Fonsêca,
  • Débora C. P. Dourado

DOI
https://doi.org/10.1590/1678-6971/eRAMG230214.en
Journal volume & issue
Vol. 24, no. 01

Abstract

Read online

Objetivo: A proposta deste artigo é apresentar uma apreciação crítica da noção de justiça encapsulada na abordagem de caráter científico-social dominante da justiça organizacional (JO). O argumento que pretendemos endereçar aqui é: o distanciamento de noções prescritivas de justiça, recorrente na abordagem dominante da JO, reduz o ideal de justiça a um meio à disposição das organizações na busca de seus próprios interesses. Originalidade/valor: A possibilidade de desencadear na academia brasileira de administração uma discussão crítica sobre o instrumentalismo e o gerencialismo presentes na produção de conhecimento no campo da JO. Este trabalho contribui para uma reflexão sobre o ideal de justiça nas organizações. Design/metodologia/abordagem: Este é um texto teórico, cuja reflexão se assenta na consulta e na interpretação articulada de material bibliográfico relacionado à concepção hegemônica da JO, obtido por meio de revisão de literatura. Resultados: Um levantamento na literatura de JO revela uma postura de desprendimento assumida pela abordagem dominante em relação às concepções normativas de justiça. Por conta disso, a noção de justiça assumiu um caráter descritivo, subjetivo, funcionalista e positivista. Como categoria analítico-empírica, a justiça é concebida e compreendida por sua função instrumental-gerencialista dentro da estrutura organizacional. Como consequência, os estudos de justiça nas organizações têm sido acusados de converter o ideal de justiça em um recurso servil à prerrogativa da estratégia e do desempenho organizacional. De fato, esse distanciamento anulou e desperdiçou o valor do significado normativo desse ideal. / Purpose: This article outlines a critical assessment of the notion of justice according to the social-scientific dominant approach to organizational justice (OJ). We argue that the detachment from prescriptive notions of justice, advocated by the dominant approach to OJ, shrinks the ideal of justice to a means at the disposal of organizations in pursuit of their interests. Originality/value: To trigger a critical discussion within the Brazilian academy of business about the inherent instrumental and managerial matters in the production of knowledge in the field of OJ. This work contributes to an ideal reflection on OJ. Design/methodology/approach: This is a theoretical essay based on the articulated consult and interpretation of bibliographic materials regarding the hegemonic concept of OJ obtained through a literature review. Findings: A survey in the OJ literature reveals that the proponents of such a dominant scientific-descriptive approach to justice in the workplace take a dissociation stance from normative notions of justice. In doing so, they favor a descriptive, subjective, functionalist, and positivist understanding of justice. Justice is deflated from its moral value to become an analytical-empirical category, understood as its instrumental-managerial function within the organizational structure. Mainstream OJ studies have nullified the normative ideal of justice by turning it into a resource servile to strategy and organizational performance.

Keywords