Escassez de medicamentos do Kit Intubação e o desafio da gestão da Assistência Farmacêutica para abastecimento dos estoques de hospitais no estado mais populoso do Brasil, no auge da Pandemia da COVID-19: um relato de experiênciaEscassez de medicamentos d

Abstract

Introdução: Declarada como emergência de saúde pública pela Organização Mundial de Saúde, a pandemia da COVID-19 trouxe grandes desafios aos gestores do Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil, tais como a manutenção de abastecimento de medicamentos utilizados para intubação orotraqueal de pacientes com insuficiência respiratória, denominado como “Kit Intubação”, devido ao rompimento, em escala global, da cadeia de suprimentos de medicamentos. Este contexto desafiou a gestão da assistência farmacêutica (AF), de forma que se valesse de estratégias inovadoras, dinâmicas e eficientes. Objetivos: Descrever a experiência da Coordenadoria de Assistência Farmacêutica (CAF) do Estado mais populoso do Brasil nas ações relacionadas à gestão do abastecimento de medicamentos do Kit Intubação durante a pandemia da COVID-19. Métodos: Relato de experiência sobre a gestão realizada para abastecimento de 22 medicamentos nos estoques de hospitais públicos de administração direta e indireta, sob gestão estadual e municipal do Estado de São Paulo, nos diferentes níveis de complexidade. Demonstra a criação e aplicação de ferramentas de gestão, implementação de novos processos de trabalho, estratégias de articulação e sistematização de bancos de dados para a tomada de decisões. Resultados: Dentre as principais ações realizadas pela CAF para gestão do abastecimento de medicamentos do kit intubação no Estado de São Paulo, destacam-se o diagnóstico situacional dos hospitais; elaboração da ferramenta online MEDCOVID19 para coleta sistemática e padronizada de informações de estoque e consumo, como alternativa para a tomada de decisões ágil; elaboração de relatórios gerenciais periódicos para subsídio de gestores nas três esferas de governo; centralização da logística de distribuição de medicamentos adquiridos pelo gestor federal, com rastreabilidade em todo o processo; gestão de compras nacionais e internacionais, amparadas por pactuações bipartite, gestão documental e financeira, logística centralizada, e encontro de contas com remanejamento de limite financeiro de média e alta complexidade (MAC) da gestão municipal para a gestão estadual. Tais estratégias viabilizaram o monitoramento e a manutenção de estoques hospitalares no momento de escassez do kit intubação. Conclusão: Conclui-se que as ações gerenciais da AF foram efetivas, sendo fatores preponderantes para o sucesso o trabalho em equipe, articulação junto aos gestores da AF regionais e municipais, utilização efetiva de vários meios de comunicação, uso de informação atualizada e confiável, bem como de referências bibliográficas para subsídio de decisões técnicas, gestão financeira para expansão de serviços logísticos e aquisições de medicamentos, dar transparência, ao meio interno e externo, à todos os processos executados. Enfatiza-se, diante desta experiência exitosa, a fundamental importância da gestão da AF, frente a situações de crise na saúde.