Cadernos de Saúde Pública (Jan 1995)
Determinantes ambientais e sociais da esquistossomose mansoni em Ravena, Minas Gerais, Brasil
Abstract
Neste estudo foram identificados os determinantes biológicos e sociais na transmissão da esquistossomose em Ravena, Sabará, Minas Gerais, Brasil, em 1980, visando a caracterizar o perfil clínico-epidemiológico da endemia na população para posterior avaliação da eficácia do fornecimento de água potável intradomiciliar e o tratamento específico quadrianual dos infectados pelo Schistosoma mansoni. O distrito é formado por três localidades: Ravenópolis, Ravena e Lavapés, cujas prevalências da endemia foram 20,1%; 42,6% e 63,9%, respectivamente. A prevalência da endemia no distrito foi estatisticamente maior nos homens. As faixas etárias que apresentaram diferenças por sexo foram as de 10-14 e 15-19 anos. A intensidade da infecção só foi diferente estatisticamente entre indivíduos com idade entre 10 e 14 anos nas três localidades, e de 15 a 19 anos entre indivíduos de Ravenópolis e Ravena. A forma hepatointestinal estava associada à idade: menores de 15 anos apresentaram risco 8,85 vezes maior do que os adultos. A análise multivariada dos fatores determinantes da transmissão da endemia evidenciou que a localidade de Lavapés esteve independentemente associada à infecção pelo S. mansoni. Era onde estavam ocorrendo os maiores riscos de infecção por falta de saneamento, maior proximidade das casas a córregos infestados por cercárias de S. mansoni, o que facilitava a infeccção das donas-de-casa em atividades domésticas e dos homens na prática de tirar areia. Esses resultados apontam o carater focal da transmissão da endemia, exigindo medidas específicas.