Educação em Foco (Dec 2021)

A CONSCIENTIZAÇÃO DO OPRIMIDO E SEUS VÍNCULOS POSSÍVEIS À DURAÇÃO, À SIMPATIA, AO ESFORÇO E À ATENÇÃO

  • Pedro Gabriel Perissinotto,
  • Tarcísio Jorge Santos Pinto

Journal volume & issue
Vol. 26, no. Especial 02

Abstract

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Nunca é demais reafirmarmos a importância de Paulo Freire para a nossa educação brasileira e a educação mundial como um todo. As suas influências não obedecem fronteiras, pois Freire tem a incomum peculiaridade de fazer a educação dialogar com diferentes correntes de pensamento, estruturando uma filosofia e uma prática educacionais que transformam diferentes campos de reflexão e de ação humanas, unindo de uma forma única e potente o erudito e o popular. Nesse ensaio, buscamos uma aproximação entre Paulo Freire e Henri Bergson, mais particularmente um diálogo entre determinadas concepções teórico-práticas do primeiro em torno da noção de “conscientização” e as ideias de “duração”, de “simpatia”, de “esforço” e de “atenção” do segundo, desejando explorar outras nuances possíveis da proposta freiriana. Sabemos que Bergson é um dos pensadores que Freire estudou e que também influenciou suas concepções filosófico-educacional e prático-pedagógica. Especialmente em Pedagogia do oprimido, o filósofo brasileiro se remete ao filósofo francês a fim de delinear uma compreensão fundamental de temporalidade aberta, criadora e, em última instância, imprevisível, imanente à vida em geral e à vida humana em particular para, a partir daí, afirmar o caráter gerúndio do ser humano e de sua história na relação com o mundo: o homem e o mundo não são, estão sendo... Partindo então dessa ideia de tempo que os une, procuramos encontrar outros pontos de aproximação entre Freire e Bergson capazes de iluminar nossa educação ainda hoje.