Mana (Oct 2004)
Tempo imperfeito: uma etnografia do arquivo
Abstract
Nesse artigo, os arquivos etnográficos e seu duplo, os arquivos pessoais, são concebidos como construções culturais cuja compreensão é fundamental para entendermos como certas narrativas profissionais foram produzidas e como sua invenção resulta de um intenso diálogo envolvendo imaginação e autoridade intelectual. Tendo a coleção Ruth Landes Papers mantida pelo National Anthropological Archives (Smithsonian Institutian) como objeto de análise, o texto propõe uma reflexão acerca das lógicas que orientam a instituição dos limites temáticos dos arquivos, seus critérios de legitimidade e inclusão, a transformação de instrumentos de trabalho de seus titulares em "artefatos", "documentos" e "fontes"; suas concepções de "valor documental", sua economia interna e seus usos na contínua (ainda que diversa) reificação da autoridade de seus "titulares" como personagens de diferentes histórias da antropologia.In this article, ethnographic archives and their doubles, personal archives, are analyzed as cultural constructions whose comprehension is essential to understanding the ways in which professional narratives are produced and how their invention results from an intense dialogue involving imagination and intellectual authority. Taking the Ruth Landes Papers kept by the National Anthropological Archives (Smithsonian Institution) as its object of analysis, the text examines the various logics informing the institution of thematic limits to the archives, their criteria for legitimacy and inclusion, the transformation of their author's work instruments into 'artefacts,' 'documents' and 'sources;' their conceptions of 'documentary value,' their internal economy and their uses in the continual (if shifting) reification of the authority of their 'authors' as key figures within anthropology's different histories.
Keywords