Linguagem em Foco (Mar 2020)
“Deixa Ela Falar”
Abstract
O presente trabalho propõe-se a analisar uma publicação da página do Facebook “Obras literárias com capas de memes genuinamente brasileiros”, cujo objetivo era chamar a atenção do destinatário para a quantidade de vezes em que a pré-candidata à presidência da república, Manuela D’Ávila, foi interrompida por outros indivíduos, ao participar do programa Roda Viva, da TV Cultura. Para tal, recorreu-se ao livro “Garota Interrompida”, deslocando o sentido deste último vocábulo, criando o que Charaudeau (2005) chama de novo Processo de Semiotização do Mundo, pois se substituiu a ilustração da capa do livro por uma foto de Manuela, sentada nos estúdios do referido programa. Além disso, recorrer-se-á à noção de imaginário sócio-discursivo(2013), cunhada pelo teórico em questão, para explicar a crença de que mulheres podem ter suas falas interrompidas. Assim, tal página foi capaz de denunciar o machismo sofrido pela deputada, ao criticar todos que tentaram subjugá-la, dizendo, indiretamente, “deixa ela falar”.
Keywords