Linguagem em Foco (Mar 2020)

“Deixa Ela Falar”

  • Camilla Ramalho Duarte,
  • Rosane Santos Mauro Monnerat

DOI
https://doi.org/10.46230/2674-8266-11-2923
Journal volume & issue
Vol. 11, no. 2
pp. 219 – 230

Abstract

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O presente trabalho propõe-se a analisar uma publicação da página do Facebook “Obras literárias com capas de memes genuinamente brasileiros”, cujo objetivo era chamar a atenção do destinatário para a quantidade de vezes em que a pré-candidata à presidência da república, Manuela D’Ávila, foi interrompida por outros indivíduos, ao participar do programa Roda Viva, da TV Cultura. Para tal, recorreu-se ao livro “Garota Interrompida”, deslocando o sentido deste último vocábulo, criando o que Charaudeau (2005) chama de novo Processo de Semiotização do Mundo, pois se substituiu a ilustração da capa do livro por uma foto de Manuela, sentada nos estúdios do referido programa. Além disso, recorrer-se-á à noção de imaginário sócio-discursivo(2013), cunhada pelo teórico em questão, para explicar a crença de que mulheres podem ter suas falas interrompidas. Assim, tal página foi capaz de denunciar o machismo sofrido pela deputada, ao criticar todos que tentaram subjugá-la, dizendo, indiretamente, “deixa ela falar”.

Keywords