Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)
INCIDÊNCIA E ÊXITO DA TERAPIA COM INFUSÃO DE LINFÓCITOS DO DOADOR APÓS TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA ALOGÊNICO
Abstract
Introdução: A terapia com infusão de linfócitos do doador (DLI – Donor Lymphocyte Infusion) é uma alternativa como tratamento ou profilaxia nos casos de recaídas de doenças hematológicas malignas, após o transplante de Células Progenitoras Hematopoiéticas (CPH) alogênicas. A proposta desta terapia é produzir um efeito conhecido como GVL (Graft vs. Leukemia ) ou EVL (Enxerto vs. Leucemia), mas também está sujeita a complicações como a Doença do Enxerto Contra o Hospedeiro (DECH) ou a aplasia medular. Objetivo: Realizar a análise dos pacientes que receberam transplante de CPH alogênicas, com ênfase na solicitação da coleta, criopreservação, armazenamento e infusão de alíquotas de DLI, nas unidades de Transplante de Medula Óssea atendidas pelo Grupo GSH. Material e métodos: Estudo descritivo, observacional e retrospectivo. Foram analisados os pacientes que realizaram TMO Alogênico, aos quais foram solicitados a criopreservação de alíquotas de DLI, no período compreendido entre março de 2021 a julho de 2024. Resultados e discussão: Do total de 48 pacientes submetidos ao Transplante de CPH Alogênicas atendidos pelo Grupo GSH, em São Paulo e Brasília, fizeram parte do estudo 30 (62,5%) pacientes adultos. No total foram 18 indivíduos do sexo masculino e 12 do sexo feminino, com idade mínima de 16 anos e máxima de 67 anos e mediana de 43,5 anos. 21 pacientes (70%) tiveram diagnóstico de LMA, seguidos de 2 (7%) LLA, 2 (7%) Síndrome Mielodisplásica, 2 (7%) Linfoma Plasmablástico, 1 (3%) Síndrome de Sezary, 1 (3%) LMC agudizada e 1 (3%) Leucemia Mielomonocítica. O número de alíquotas criopreservadas variou, dependendo da quantificação de células CD3+ e do volume de material coletado, com mediana de 4 (2–6) alíquotas. Dentre os 30 pacientes que possuíam alíquotas de DLI armazenadas, somente 9 (30%) efetivamente realizaram a infusão. Em relação ao número de alíquotas infundidas, a variável foi de 1 a 4, com doses de 5×106 a 5×107 células CD3+/Kg de peso do receptor. Desses 9 pacientes, 5 (56%) foram a óbito, três deles após 20 a 90 dias e dois de 1 a 2 anos após o procedimento. A sobrevida para este grupo foi de 44%. O prazo para a infusão de DLI, após o transplante alogênico, variou de 2 a 50 meses. Dos 21 pacientes que não receberam infusões de DLI, 10 (33% do total) evoluíram a óbito sem utilizar o material armazenado e 11 (37%) permanecem vivos sem solicitação para infusão de DLI. Conclusão: A experiência do nosso serviço relacionando a coleta, criopreservação e armazenamento de alíquotas de DLI e a efetivação da infusão desse material, bem como a sobrevida dos pacientes, revela que são necessários mais esforços para se identificar a melhor estratégia a ser adotada frente à recaída da malignidade após o transplante alogênico, visto que somente 9 (30%) efetivamente procederam à terapia e desses, apenas 4 (13% do total) permanecem vivos.