Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)

ABERTURA DE AIDS COM ESPOROTRICOSE DISSEMINADA EM HOMEM ADULTO: RELATO DE CASO

  • Laísa Caldas Fernandes,
  • Nathalie Soares Sanches

Journal volume & issue
Vol. 27
p. 103269

Abstract

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Trata-se de paciente do sexo masculino, 31 anos, previamente hígido que procura unidade hospitalar por lesões úlcero-crostosas dolorosas disseminadas pelo corpo há cerca de 6 meses da admissão. Quadro iniciou com prurido, sem lesões elementares, evoluindo com abertura de pequenas úlceras que foram progredindo de tamanho e disseminando pelo corpo de forma ascendente, inclusive com comprometimento de mucosa ocular. À admissão havia sinais de infecção bacteriana secundária associada às lesões e o paciente apresentava-se febril, tratado com antibióticos. Tinha vida sexual ativa sem uso de preservativos, com tratamento recente para sífilis latente. Além disso fazia uso de drogas ilícitas e tinha contato com múltiplos gatos em domicílio. Durante investigação, apresentou sorologia positiva para HIV, com CD4 37 e CV 68.170. Procura por acometimento de sítios extra-cutâneos sem achados. Biópsia cutânea mostrando epiderme ulcerada com múltiplos histiócitos espumosos, nos quais foram visualizadas inúmeras leveduras agrupadas, pequenas e ovais de contornos bem delimitados. PAS e Grocott positivos. Cultura para fungo com crescimento de Sporothrix sp. Iniciado tratamento com anfotericina B deoxicolato por 14 dias, seguido de terapia de manutenção com itraconazol, porém paciente evoluiu com persistência e em seguida piora do aspecto das lesões. Optado por repetir novo ciclo de anfotericina por mais 42 dias, com melhora importante das lesões, mas mantendo doença ativa de difícil tratamento durante fase de manutenção com azólico de escolha. Esporotricose é uma doença fúngica crônica, endêmica no Brasil e América do Sul de acometimento principalmente linfo-cutâneo, sendo sua apresentação extra-cutânea extremamente rara, bem como a forma cutânea disseminada, correspondendo a cerca 8% dos casos. Essas formas estão geralmente associadas a algum grau de imunossupressão, seja diabetes, alcoolismo, neoplasias, uso crônico de corticoide ou HIV/AIDS, como no caso do paciente em questão. O tratamento da esporotricose disseminada ainda é um desafio. Tanto a escolha da droga (anfotericina × itraconazol), como duração do tratamento varia conforme resposta clínica e tolerabilidade à droga, com desfechos variados em cada estudo, porém com tendência a um tratamento prolongado, independente da droga escolhid.

Keywords