Revista Portuguesa de Cardiologia (Oct 2021)

Aplicabilidade da fórmula Martin‐Hopkins e comparação com a fórmula Friedewald na estimativa do colesterol LDL na população do estudo e_COR

  • Cátia Ferrinho,
  • Ana Catarina Alves,
  • Mafalda Bourbon,
  • Sequeira Duarte

Journal volume & issue
Vol. 40, no. 10
pp. 715 – 724

Abstract

Read online

Resumo: Introdução: O colesterol LDL (cLDL) é essencial na abordagem do risco de doenças cardiovasculares. Desde 1972 é utilizada a fórmula de Friedewald para estimativa da concentração do cLDL, com algumas limitações. Foi sugerida, em 2013, por Martin et al., uma fórmula semelhante que permite melhor exatidão no cálculo do cLDL. Objetivo: Mostrar aplicabilidade da nova fórmula, que nomeámos fórmula Martin‐Hopkins, na população portuguesa e comparar com a fórmula Friedewald utilizando o cLDL direto. Material e métodos: Estudo transversal, incluindo 1689 participantes do estudo e_COR. Aplicámos as fórmulas Martin‐Hopkins e Friedewald para a estimativa de cLDL (cLDL‐M e cLDL‐F). A fórmula Friedewald não foi aplicada em 12 casos por triglicéridos ≥ 400 mg/dL. Foi realizada a determinação direta do cLDL (cLDL‐D). Resultados apresentados em mediana e amplitude interquartil. Nível de significância aceite p < 0,05. Resultados: Dos participantes, 50,2% eram sexo masculino e mediana de 51 (34) anos. O cLDL‐D foi 117,0 (44,0) mg/dL, cLDL‐M foi 114,6 (43,7) mg/dL e cLDL‐F foi 113,8 (43,2) mg/dL. O coeficiente de Spearman (ρ) entre cLDL‐M/cLDL‐D foi 0,987 e entre cLDL‐F/cLDL‐D foi 0,983, p = 0,001. Esta forte correlação manteve‐se no grupo com diabetes mellitus (cLDL‐M/LDL‐D ρ = 0,987; cLDL‐F/cLDL‐D ρ = 0,978, p = 0,001) e hipertrigliceridemia (cLDL‐M/LDL‐D ρ = 0,983; cLDL‐F/cLDL‐D ρ = 0,982, p = 0,001). Na análise de concordância, o maior valor de κ = 0,90 foi obtido para cLDL‐M quando cLDL‐D < 100 mg/dL. Conclusão: A fórmula Martin‐Hopkins teve um bom desempenho e aplicabilidade, mostrando superioridade em relação à fórmula Friedewald, sobretudo para valores de cLDL‐D < 100 mg/dL, diabetes mellitus e hipertrigliceridemia. Abstract: Introduction: Low‐density lipoprotein cholesterol (LDL) is essential in managing cardiovascular disease risk. Since 1972, the Friedewald formula has been used to estimate LDL concentration, although with some limitations. In 2013, Martin et al. proposed a similar but more accurate formula for calculating LDL. Aim: To assess the applicability of the new formula, which we have named the Martin‐Hopkins formula, in the Portuguese population and compare it with the Friedewald formula using direct LDL. Material and methods: Cross‐sectional study, including 1689 participants from the e_COR study. We applied the Martin‐Hopkins and Friedewald formulas for estimated LDL (LDL‐M and LDL‐F). The Friedewald formula was not applied in 12 cases due to triglycerides ≥400mg/dL. Direct LDL was measured and the accepted significance level was p<0.05. Results: Of the total subjects, 50.2% were male and had a median age of 51 (34) years. LDL‐D was 117.0 (44.0) mg/dL, LDL‐M was 114.6 (43.7) mg/dL and LDL‐F was 113.8 (43.2) mg/dL. The Spearman coefficient (ρ) between LDL‐M/LDL‐D was 0.987 and between LDL‐F/LDL‐D was 0.983, p=0.001. This strong correlation was maintained in the group with diabetes (LDL‐M/LDL‐D ρ=0.987; LDL‐F/LDL‐D ρ=0.978, p=0.001) and hypertriglyceridemia (LDL‐M/LDL‐D ρ=0.983; LDL‐F/LDL‐D ρ=0.982, p=0.001). In terms of agreement, the highest value of κ=0.90 was obtained for LDL‐M when LDL‐D <100 mg/dL. Conclusion: The Martin‐Hopkins formula performed well and had good applicability, showing superiority in relation to the Friedewald formula, especially for LDL‐D values <100 mg/dL, diabetes, and hypertriglyceridemia.

Keywords