Cadernos de Estudos Sociais (Jul 2018)

MIGRAÇÃO INTERESTADUAL DE RETORNO: EVIDÊNCIAS PARA O ESTADO DO CEARÁ – 1986-2010

  • Silvana Nunes de Queiroz, Rosana Baeninger

DOI
https://doi.org/10.33148/CES2595-4091v.33n.220181767
Journal volume & issue
Vol. 33, no. 2
pp. 179 – 205

Abstract

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Historicamente o Ceará caracteriza-se como área de perda populacional (FERREIRA, 2007). Contudo, a partir da década de 1980, com a crise econômica que abalou o país e, durante os anos 1990, com o aumento do desemprego e da informalidade, o Ceará seguiu na contramão, com crescimento econômico acima da média nacional e regional, gerando postos de trabalho formais. Diante dessa conjuntura, as perdas líquidas populacionais se arrefeceram (AUTOR, 2003). Nesse sentido, este artigo tem como objetivo demonstrar a importância da migração interestadual de retorno para o Ceará e contribuir com o estudo minucioso dessa modalidade migratória. Os microdados dos Censos Demográficos de 1991, 2000 e 2010 são a principal fonte de informações. Os principais resultados mostram que, nos três períodos estudado, durante dois quinquênios (1986/1991 e 2005/2010) o Ceará recebeu a maior proporção de retornados no conjunto do país, com participação de 51,83% e 43,61% do total da sua imigração, respectivamente. Somente no interregno 1995/2000 a Paraíba (49,17%), ligeiramente, superou a sua participação (48,17%). Em relação à origem, como esperado, o maior volume era procedente do estado de São Paulo, representando, em parte, o refluxo de tendências passadas. Na verdade tal dinâmica relaciona antigas e novas articulações, através das tradicionais correntes migratórias (Ceará-São Paulo) e a modalidade migratória retorno (São Paulo-Ceará). Portanto, São Paulo ao mesmo tempo atraiu e expulsou a população cearense, num movimento caracterizado por constantes idas e vindas, fluxos e refluxos, com comportamento diferenciado do observado no passado recente.

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