Cadernos Cajuína (Feb 2017)

Maquinismo e filosofia: o nascimento da questão da técnica

  • Eduardo Ramalho Rotstein

Journal volume & issue
Vol. 2, no. 1
pp. 37 – 46

Abstract

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A questão da técnica tem despertado um interesse crescente do mundo intelectual nas últimas décadas em razão das transformações sociais e dos desafios éticos suscitados por inventos no campo da informática e da biologia. No intuito de iluminar os pressupostos do debate atual serão retraçadas, nesse artigo, a origem histórica da questão da técnica e das principais posições filosóficas assumidas diante da mesma. A partir das investigações históricas de Pierre-Maxime Schuhl descobre-se, em primeiro lugar, que a técnica entra decididamente na pauta do debate filosófico a partir de dificuldades originadas fora do âmbito intelectual, relacionadas à difusão das máquinas e ao nascimento da grande indústria no século XIX. Em segundo lugar, pode-se mostrar que foi sob a consideração dos efeitos ambíguos do maquinismo que se formaram as linhas mestras de interpretação que até os dias de hoje constituem a matriz da filosofia da técnica. Posições como otimismo ou pessimismo, humanismo ou fatalismo, nas quais incorre amiúde o questionamento mais recente da técnica, podem ser encontradas nas reflexões de escritores utopistas e de filósofos como Ernst Kapp e Oswald Spengler entre meados do século XIX e o início do século XX.

Keywords