Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (Jun 1989)
Infecção pelo Plasmodium falciparum e gravidez: relato de casos
Abstract
Em 1982 e em 1985 foram observados em Humaitá, Estado do Amazonas, respectivamente, uma criança lactente e uma gestante tercigesta, no segundo trimestre da gravidez, ambas com malária pelo Plasmodium falciparum. O lactente, masculino, natural do Amazonas tinha um mês de idade e apresentava malária desde o décimo dia após o nascimento. Sua mãe tinha 19 anos, era natural do Amazonas e apresentara a primo-infecção palustre no dia do parto, desse que era o seu segundo filho. O outro caso era o de uma gestante com 22 anos, natural do Amazonas, que tinha 2 filhos, um de 8 e outro de 6 anos e apresentara três surtos prévios de malária, o primeiro em 1983 e o último em março de 1985. Quando foi atendida estava com malária e no 2º trimestre da gestação. Tanto o lactente, quanto a gestante foram tratados com clindamicina e tiveram cura clínica e parasitária. O lactente provavelmente apresentou malária congênita, ou intraparto, pelo curto período de incubação, que apresentou. Ao contrário do que tem sido descrito em áreas hiperendêmicas a gestante apresentou malária na terceira gestação, embora tenha se comportado como primigesta, do ponto de vista da imunidade, pois os surtos prévios que teve ocorreram após as gestações anteriores.In 1982 and 1985, an infant and a pregnant woman in the second trimester of her third pregnancy were respectively observed in Humaitá County, State of Amazonas, Brazil. Both had been diagnosed as having Plasmodium falciparum malaria. The infant was a boy bom in the State of Amazonas with malaria since the 10th day of life and was examined at one month of age. His mother was 19 years old, was bom in the State of Amazonas and had shown primary malarial infection on the day of the delivery of this child, her second. The pregnant woman was 22 years old, was bom in the State of Amazonas, had two children respectively aged 8 and 6 years and had suffered three previous bouts of malaria, the first in 1983 and the last in March 1985. Both the infant and the pregnant woman were treated with clindamycin and evolved satisfactorily to clinical and parasitic cure. The infant probably presented with congenital malaria in view of the short period of incubation, which may have been due to the fact that he did not receive maternal antibodies.
