RevSALUS (Jul 2023)

A família da pessoa em situação crítica em Unidade de Cuidados Intensivos: desafios à comunicação e ao registo da informação pelos enfermeiros

  • Anabela Mendes,
  • Eunice Henriques,
  • Catarina Alves,
  • Rui Guerreiro,
  • Simão Silva,
  • Fernanda Leal,
  • Fernanda Bernardo,
  • Mónica Bento

DOI
https://doi.org/10.51126/revsalus.v5iSup.623
Journal volume & issue
Vol. 5, no. Sup

Abstract

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Introdução: A família torna-se de modo imprevisível na família de uma pessoa em situação crítica. Esta transição saúde-doença (Meleis, Sawyer, Im, Messias, & Schumacher, 2000), decorrente de situações de instabilidade hemodinâmica, gera nos membros da família, pela incerteza e permanência em Unidade de Cuidados Intensivos [UCI], ansiedade e significativo desassossego, que pode conduzir a quadros de depressão e/ou stresse pós-traumático (Dijkstra, et al., 2023). A interação com a equipa multidisciplinar revela-se extraordinariamente importante para a família. Os enfermeiros, pela proximidade com a pessoa em situação crítica [PSC] e família, garantem que recebem informação, detalhada e clara, na intenção de os capacitar e confortar. Objetivos: Identificar que fenómenos ou sintomatologia experienciados pela família, face ao internamento da PSC, são considerados nos registos de enfermagem; Identificar que intervenções de enfermagem, decorrentes da interação PSC-enfermeiro, influenciam o bem-estar e experiência de sintomas pela família. Material e Métodos: Investigação de natureza qualitativa. Recolha de dados com a aplicação de inquérito por questionário, estruturado e misto. Os participantes, 22 enfermeiros, de uma UCI-Médico-cirúrgica, com acesso ao instrumento-online de julho a setembro de 2022. Garantiu-se o consentimento livre e esclarecido e assegurou-se o anonimato. Recorreu-se na análise à técnica de analise de conteúdo de Bardin e na estruturação e discussão dos resultados à teoria das transições de Meleis (2000) e “The structure of caring” proposto por Swanson (1993). O estudo tem parecer positivo da comissão de ética do Centro Hospitalar. Resultados: Os fenómenos ou sintomatologia experienciados pela família da PSC considerados nos registos de enfermagem emergem em 3 dimensões: o impacto emocional; o conhecimento da situação; e as estratégias. Nas intervenções de enfermagem, decorrentes da interação PSC-enfermeiro que influenciam o bem-estar e experiência de sintomas por parte da família, identificam-se 6 dimensões: conforto; empatia; proximidade; comunicação; escuta ativa; e controlo de sintomas. Conclusões: A transição saúde-doença da PSC gera impacto emocional na família que desencadeia uma necessidade, imediata, de conhecimento/informação e de desenvolvimento de estratégias adaptativas. Na perspetiva de Meleis (2000) e Swanson (1993) o conhecimento revela-se facilitador, possibilitando bem-estar. Este aspeto é considerado na intervenção e integra os registos de enfermagem.

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