Revista Brasileira de Geomorfologia (Oct 2018)
ESPACIALIDADE E EVOLUÇÃO DA INCISÃO DE VALES FLUVIAIS A PARTIR DA DISSECAÇÃO DO RELEVO NOS DEGRAUS ESCALONADOS DO SUDESTE DE MINAS GERAIS - BRASIL
Abstract
A configuração geomorfológica do sudeste de Minas Gerais é marcada por degraus escalonados em nítida conformação com a rede hidrográfica regional. A organização em planta destes degraus acompanha a distribuição espacial das bacias hidrográficas que drenam a área investigada. As bacias do interior continental, Paraná e São Francisco, localizam-se em degrau superior, enquanto as bacias costeiras se situam em distintos níveis topográficos, de tal modo que a bacia do rio Doce ocupa patamar intermediário e a do Paraíba do Sul degrau inferior. É atribuída a estas últimas maior capacidade denudacional em razão de sua maior amplitude altimétrica e por estarem elas diretamente atreladas ao nível de base geral do oceano. O presente trabalho investigou a dissecação e evolução espacial dos vales fluviais nos distintos compartimentos geomorfológicos em que se inserem esses conjuntos de bacias. Foi aqui empregado método de investigação da dissecação do relevo e da incisão dos vales fluviais apoiado em técnicas de geoprocessamento e na análise de atributos geocartográficos. Essas técnicas consistiram no uso de dados de elevação altimétrica para se calcular a declividade, a curvatura vertical das vertentes e a densidade de drenagem, parâmetros quantitativos fundamentais na elaboração de mapa de incisão dos vales fluviais. Os resultados demostraram que a evolução dos vales fluviais está fortemente condicionada aos diferentes graus de incisão da rede hidrográfica, evidenciando maior incisão nas bacias costeiras em comparação às bacias interiores. Nas bacias costeiras a incisão vertical mais efetiva da rede hidrográfica resultou no significativo encaixamento dos vales e, consequentemente, no seu gradiente e amplitude altimétrica mais elevados e no estreitamento de seus flancos. Tal condição geomorfológica, na área investigada, favorece a instalação de processos desestabilizadores das vertentes, uma vez que sua dinâmica se vincula no espaço e no tempo ao ritmo e vigor da dissecação fluvial. Por outro lado, naquelas bacias interiores a menor amplitude altimétrica dos vales favorece o seu entulhamento por sedimentos que transitam nas calhas fluviais.
Keywords