Brazilian Journal of Infectious Diseases (Sep 2022)

PENETRAÇÃO DOS ANTIRRETROVIRAIS NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL (SNC) E ALTERAÇÕES NEUROCOGNITIVAS EM MULHERES INFECTADAS PELO HIV

  • George Gonçalves Souza,
  • Gabriela Silva Prates,
  • Sandy Vieira Teixeira,
  • Luisa O. Pereira,
  • Mariana Amélia Monteiro,
  • Carolina Fernandes Gualqui,
  • Maria Rita Polo Gascon,
  • Ana Paula R. Veiga,
  • Alberto J.S. Duarte,
  • Jorge Simão do R. Casseb

Journal volume & issue
Vol. 26
p. 102562

Abstract

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Introdução: A frequência de distúrbios neurocognitivos (HAND) atinge até 50% da população vivendo com infecção pelo HIV e as mulheres parecem ser mais afetadas. O escore CPE tem demonstrado correlação com a diminuição da carga viral liquórica do HIV e melhora cognitiva. Em adição, diversos estudos relataram uma associação entre o uso de Efavirenz com o declínio neurocognitivo. Objetivo: Relacionar o regime de TARV, uso do efavirenz e a efetividade de penetração no SNC (CPE) com o desfecho de alterações neurocognitivas em mulheres vivendo com HIV (MVHIV). Método: No total, 43 MVHIV acompanhadas no Hospital das Clínicas de São Paulo realizaram a avaliação neuropsicológica de 2019 a 2020. Os dados sobre o regime da TARV foram coletados em prontuários. O CPE foi determinado a partir do protocolo de manejo clínico para pessoas vivendo com HIV (dados pareados). Este desfecho compreende a categoria de comprometimento neurocognitivo assintomático (ANI), alteração neurocognitiva leve/moderada (MND) e demência associada ao HIV (HAD). Resultados: Das 43 mulheres avaliadas, 17 (39,5%) apresentaram alteração cognitiva. 20,9% tem a forma ANI, 16,2% a forma MND e 2,2% a forma HAD. A média de idade, escolaridade e tempo de diagnóstico foi semelhante nos grupos. 88,4% dos indivíduos (38/43) apresentavam carga viral indetectável. 65,1% estavam em tratamento sem uso de efavirenz no momento da avaliação neuropsicológica e 48,8% foram tratados com TARV de eficácia de penetração no SNC superior a 6, porém não houve diferenças entre os grupos. Em ambas as variáveis não houve diferença estatística. Conclusão: O tratamento combinado com efavirenz e demais TARVs, bem como a eficácia da penetração no SNC, não esteve relacionado às alterações neuropsicológicas em mulheres brasileiras infectadas pelo HIV da coorte em estudo. O que sugere que a causa da HAND pode ser multifatorial e outros fatores como escolaridade, comorbidades, neuroinfecções e início da terapia tardia devem ser considerados. Ag. Financiadora: FAPESP E CNPQ. Nr. Processo: 2018/07239-2; GRANT JC: 301275/2019-0.