Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2021)
NEOPLASIA DE PRÓSTATA E MIELOMA MÚLTIPLO: UM DESAFIO DIAGNÓSTICO E RELATO DE CASO
Abstract
Homem, 52 anos, portador de neoplasia prostática (Gleason 3 +3) deu entrada no pronto-socorro com quadro de lesão renal aguda, anemia normocrômica e normocítica e relato de fratura patológica. Encaminhado para o Hospital Geral, foi iniciado investigação do quadro. Alguns achados em exames laboratoriais como inversão da relação albumina-globulina e lesões líticas em exame de imagem fizeram os médicos a levantarem um importante diagnóstico diferencial, no contexto de metástase ósseas e neoplasias: o mieloma múltiplo. Diante disso, foi indicado aspirado de medula óssea e imunofenotipagem que surpreendentemente teve como resultado principal a presença de 12% de células plasmócitarias com caraterísticas anômalas. Fechado diagnóstico de mieloma, o tratamento inicial foi estabelecido com dexametasona, ciclofosfamida e pamidronato com melhora progressiva dos parâmetros laboratoriais e clínicos sendo encaminhado para acompanhamento ambulatorial em cidade de origem com onco-hematologista e urologista. A neoplasia prostática é uma entidade na qual o osso é um dos principais sítios de metástase assim como o mieloma pode atingir diretamente essa estrutura. Ambas são comuns ao sexo masculino e em pacientes de idade mais avançada, sempre devendo ser levantadas como hipótese diagnóstica em pacientes com anemia, fratura patológica e idade maior que 50 anos. O Mieloma múltiplo (MM) tem na sua fisiopatologia a proliferação clonal de plasmócitos na medula óssea, resultando em produção de imunoglobulinas monoclonais e disfunção orgânica, afetando principalemente esses três tecidos: osso/cartilagem, rim e hematopoiese. Como consequência se têm a hipercalcemia, pancitopenia e a nefropatia por cadeias leves, típica da doença. A presença de dados sugestivos favoreceu, portanto, essa alternativa diagnóstica. Este relato tem o objetivo de apresentar as alterações ósseas características tanto de mieloma múltiplo quanto de implante secundário, e as dificuldades no diagnóstico diferencial, elevando o índice de suspeição clínica.