Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)

COMPORTAMENTO SEXUAL DE RISCO ANTES E DEPOIS DO USO DA PROFILAXIA PRÉ-EXPOSIÇÃO (PREP): COMPENSAÇÃO OU MANUTENÇÃO DE RISCO?

  • Gustavo Machado Rocha,
  • Giulia Rafaella Cristelli de Sena,
  • João Vítor Nunes Alves,
  • Liliam Santos Neves,
  • Flávio Marcos Alves Adriano,
  • Nathan Felipe Gonçalves Salomé,
  • Aluísia Tavares de Faria,
  • Bruno Souza Lima,
  • Cláudia Maria de Souza Gonçalves,
  • Marlene Alves Ferreira

Journal volume & issue
Vol. 27
p. 102993

Abstract

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Introdução/Objetivo: A Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP) é uma intervenção biomédica baseada no uso contínuo de antirretrovirais por pessoas sem HIV, mas com risco elevado de sua aquisição, buscando prevenir novas infecções. Entretanto, indivíduos em uso de PrEP tendem a adotar práticas sexuais de maior risco, o que pode aumentar a incidência de outras infecções. Dessa forma, este estudo tem por objetivo avaliar o comportamento sexual de indivíduos em uso de PrEP antes e depois do início da terapia preventiva. Métodos: Trata-se de um estudo de coorte com análise de registros médicos de indivíduos em uso de PrEP em acompanhamento no Ambulatório de Prevenção de Divinópolis, Minas Gerais. As variáveis avaliadas foram: número de parceiros e tipos de práticas sexuais, uso de preservativos e incidência de infecções sexualmente transmissíveis (IST). Foi realizada análise descritiva, com cálculo de frequência, proporção e medidas de tendência central das variáveis de interesse. Resultados: Entre março de 2022 e junho de 2023, 120 indivíduos passaram por acolhimento inicial (85,5% de gênero masculino, idade média de 33 anos) e 83 foram atendidos em consulta para primeira prescrição da PrEP. Destes, 56 (67,5%) retornaram para reavaliação após um mês e 37 (44,6%) para reavaliação após quatro meses. Antes do início da PrEP, o número mediano de parceiros sexuais era de 2,5 (IQR 1-5), sendo que 70,0% dos indivíduos relataram uso irregular de preservativo nos últimos 6 meses. Além disso, 20,8% informaram diagnóstico de IST nos seis meses anteriores. Após trinta dias de uso da PrEP, 50,0% dos participantes informaram uso irregular de preservativos e 19,6% apresentaram sintomas ou diagnóstico de IST. Após quatro meses de uso da profilaxia, o número mediano de parceiros sexuais era de 3 (IQR 1-6), sendo que 65,7% dos indivíduos informaram uso irregular de preservativo nos últimos 3 meses e 18,9% apresentaram sintomas ou diagnóstico de IST. Conclusão: Os resultados mostram uma elevada proporção de comportamento sexual de risco antes e depois do início da PrEP, evidenciando a importância da estratégia para a prevenção de novas infecções pelo HIV e reforçando a necessidade de acompanhamento, monitoramento e abordagem multidisciplinar dos usuários. É necessário promover ações para sensibilizar essas populações, transformando o seu comportamento de risco em atitudes mais conscientes com escolhas de métodos de prevenção que melhor se apliquem ao seu estilo de vida.

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