Navegações: Revista de Cultura e Literaturas de Língua Portuguesa (Jan 2016)
Mia Couto – a proclamação da leoa: na linha de fogo... = Mia Couto – the proclamation of the lioness: on the firing line...
Abstract
Esta leitura do romance A confissão da Leoa, do escritor moçambicano Mia Couto, acompanha nele as questões da animalidade do homem e da violência na relação entre os géneros, ambas colocadas do ponto de vista ético e político. A narrativa do romance reparte-se significativamente por dois olhares diferentes: o do caçador Arcanjo Baleiro, e o de Mariamar, uma das mulheres da aldeia na qual – identificada com a leoa do título – se recortará a figura da histérica, irredutível às imposições do simbólico estabelecido pela tradição do lugar de Kulumani. . . Os acontecimentos transpõem, da alegoria cosmológica inscrita na fábula aí contada por Martina Baleiro – a mãe do caçador – as tensões e as assimetrias produzidas pela violenta fronteira que, entre o feminino e o masculino, uma certa escrita, subversora de todas as formas de domínio, mostrará ser historicamente instável