ETD: Educação Temática Digital (Jun 2011)
A Multidimensionalidade do Habitus e a Construção de Tipos Praxiológica
Abstract
Nas Ciências Sociais, no âmbito da interpretação das ações, encontram-se basicamente dois caminhos metodológicos. O primeiro se baseia na imputação de intenções subjetivas e na construção de motivos, sendo desenvolvido por Alfred Schütz, fundador da Fenomenologia Social, em conexão com a Sociologia Interpretativa de Max Weber. Trata-se, neste caso, de uma re-construção (construção de segundo grau), de uma interpretação e teorização feitas da mesma forma que as efetuamos no cotidiano, no senso comum, ou seja, de construção de motivos e de tipos (construção de primeiro grau). Diferentemente de uma re-construção desta construção de tipos do senso comum, o segundo caminho, aquele da construção de tipos praxiológica, transcende a teorização e a interpretação do senso comum e busca pelas estruturas da praxis dos atores no campo de pesquisa, por seus modus operandi, habitus ou estruturas de orientação. O foco da interpretação são as práticas incorporadas e o saber ateórico ou implícito que guia as ações. Aqui estabelecemos uma conexão com a Sociologia do Conhecimento de Karl Mannheim e seu método documentário, bem como com a teoria do habitus de Pierre Bourdieu. Com base no método documentário, desenvolvemos uma metodologia prática de pesquisa de interpretação e de construção de tipos. Esquivamo-nos, desta forma, da interpretação de caso único, enfatizando o trabalho com base na análise comparativa e extraindo o sistema de orientação (tipificação de sentido). Procuramos em que condições ou espaços de experiência (de formas específicas de acordo com o milieu, geração, gênero, etc), as orientações ou habitus tipificados são formados (tipificação sócio-genética). Trata-se finalmente de identificar a sobreposição de diferentes espaços de experiência, e, portanto, a multidimensionalidade das (géneses das) orientações e habitus (tipificação multidimensional). A tipificação sócio-genética contribui para a solução do problema da generalização na pesquisa social qualitativa.In the Social Sciences, under the interpretation of actions, there are basically two methodological paths. The first is based on the imputation of subjective intentions and motives, developed by Alfred Schütz, founder of Social Phenomenology, in connection with the Interpretative Sociology by Max Weber. It is, in this case, a re-construction (construction of second degree), an interpretation and theorization that are done in the same way we perform in everyday life, in the common sense, that, in short, is the construction of types and motives (construction of first degree). Unlike a re-construction of this praxeological typification of common sense, the second path, that of the praxeological construction of types, transcends theory and interpretation of common sense and searches for the praxis structures of the actors, for their modus operandi, habitus or structures of orientation. The foci of interpretation are the incorporated practices and the atheoretical or implicit knowledge that guides the actions. Here we establish a connection with Karl Mannheim’s Sociology of Knowledge, documentary method and Pierre Bourdieu’s theory of the habitus. Based on the documentary method, we developed a methodology of research and interpretation of the construction of types. We avoid, in this way, the interpretation of a single case, emphasizing the work based on comparative analysis and extracting the orientation system (‘sinngenetische’ typification) and then investigate how, or under what conditions or spaces of experience (in ways according to specific milieu, generation, gender, etc.), typified orientations or habitus are formed (socio-genetic typification). This paper also regards the identification of overlaps between the different spaces of experience and thus the multidimensional nature of (the genesis of) orientations and habitus (multidimensional typification). The socio-genetic typification helps to solve the problem of generalization in qualitative social research.