Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

ANÁLISE DA HEMATOSCOPIA EM PACIENTES COM ANEMIAS HEMOLÍTICAS EM UM AMBULATÓRIO DE HEMATOLOGIA DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

  • FOC Souza,
  • KG Frigotto,
  • MGF Avila,
  • TPFD Nascimento,
  • GLV Moraes,
  • JB Barros,
  • TS Lichotti,
  • MN Ferreira,
  • MC Magalhães,
  • VRGA Valviesse

Journal volume & issue
Vol. 45
pp. S66 – S67

Abstract

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Introdução/Objetivos: As anemias hemolíticas (AH) são condições que cursam com redução da meia-vida dos eritrócitos. Os diagnósticos etiológicos das AH são diversos e podem ser suspeitados de acordo com alterações hematoscópicas. Este estudo buscou descrever e correlacionar os achados da hematoscopia de pacientes de um ambulatório de hematologia com as diferentes causas de AH apresentadas. Material e métodos: Estudo transversal, realizado de 2018 a 2022, com dados dos prontuários de pacientes adultos com diagnóstico de AH de um ambulatório de hematologia em um hospital universitário. Foi utilizado o programa Microsoft Excel para tabulação dos dados. Resultados: Foram incluídos 24 pacientes. Nos falcêmicos (n = 7), foram encontrados drepanócitos (57,1%), células em alvo (100%) e eliptócitos (42,86%). Nos talassêmicos (n = 4), codócitos (100%), dacriócitos e eliptócitos (75%), bite cells, esferócitos e acantócitos (50%). Nos pacientes com AH autoimunes (AHAI) por anticorpos quentes (n = 4), 75% exibiram esferócitos e 25% dacriócitos. O único caso de AHAI por anticorpos frios apresentou hemácias aglutinadas. Os casos de AH com teste de antiglobulina direto (TAD) negativo e sem outras etiologias (n = 3) apresentaram células em alvo e acantócitos (66,7%), eliptócitos e esferócitos (33,3%). Os casos de AH intravasculares (n = 2), 100% apresentaram esquizócitos. Os 2 pacientes com hemoglobinúria paroxística noturna (HPN) exibiram esferócitos, células em alvo e dacriócitos, e um deles microesferócitos e eliptócitos. O único caso de esferocitose hereditária (EH) mostrou numerosos esferócitos. Discussão: As doenças falciformes (DF) são as AH mais comuns do Brasil. A hematoscopia da DF segundo a literatura mostra drepanócitos e eritrócitos em alvo. As células em alvo foram encontradas em todos os pacientes deste estudo e drepanócitos na maioria, corroborando com a literatura. Nas α-talassemias, é descrito células em alvo, e nas β-talassemias codócitos, dacriócitos, e eliptócitos, presentes nos pacientes do estudo, em concordância com a literatura. Os achados na AHAI com anticorpos quentes e com anticorpos frios corroboram com a literatura. As AH TAD negativo estão em investigação etiológica. As alterações descritas podem ser encontradas em várias AH, porém acantócitos não são esperados, discordando da literatura. Uma hipótese é a associação com outras doenças. Na EH, são descritos esferócitos, em concordância com a literatura. Nas AH intravasculares, todos apresentaram esquizócitos, como esperado. Nos pacientes com HPN, foram observados esferócitos, microesferócitos, dacriócitos, codócitos e eliptócitos, que não estão habitualmente presentes na HPN. Também não foram vistos macrócitos policromáticos, diferindo da literatura. O estudo apresenta limitações relacionadas à técnica de fixação e coloração das lâminas, não permitindo a pesquisa de alguns corpúsculos e à pequena amostra. Conclusão: A DF teve a maior prevalência. Os achados hematoscópicos condizem em sua maioria com as etiologias de AH apresentadas, exceto pacientes com HPN. Sugerem-se estudos com amostras maiores, pois conhecer as principais alterações hematoscópicas das diferentes etiologias de AH é fundamental para um diagnóstico etiológico precoce para melhor tratamento e prognóstico dos pacientes.