Revista de Estudos Literários da UEMS - REVELL (Dec 2024)
A saga e a sina do peão de boiadeiro
Abstract
As longas jornadas tocando o gado pelas estradas, as intempéries e os causos da viagem, além do trabalho comunitário da comitiva, tornaram a saga e a sina do peão de boiadeiro uma temática cíclica dos sertanejos de asfalto no último século, em meio a qual a produção de Almir Sater e de Renato Teixeira se destaca. O objetivo deste trabalho é analisar a representação do peão de boiadeiro em três canções compostas pelo duo – “Peão”, “Boiada” e “Tocando em frente” – guiados principalmente pelos conceitos de “narrador” (BENJAMIN, 2012), “visão romântica” (LÖWY; SAYRE, 2015) e “regionalismo” (ROSA; NOGUEIRA 2011). Com o inerente desaparecimento da profissão diante da modernidade representada pelo caminhão e as pavimentações das estradas, a imagem do peão de boiadeiro subsiste hodiernamente enquanto um mito de resistência à modernidade capitalista. Sater e Teixeira trazem em sua obra os desprazeres do avanço tecnológico à vida do homem do campo e como a desumanização é inerente a este processo. A partir da produção do duo desenvolveremos o debate sobre a poética regionalista enquanto uma forma de resistência à modernidade, não como um passadismo irrefletido, mas como uma condição incontornável da contemporaneidade.
Keywords