Geochimica Brasiliensis (Sep 2014)
Disposição de sedimentos de dragagem em solos tropicais: avaliação da ecotoxicidade com base em bioensaios com alface e de bioacumulação de metais com oligoquetas edáficos
Abstract
O presente trabalho trata da avaliação da ecotoxicidade e da biodisponibilidade de metais associadas à disposição terrestre de sedimentos de dragagem (oriundos da bacia da Baía de Guanabara, RJ) quando misturados a latossolos e chernossolos. Para tanto, bioensaios de germinação com alface (Lactuca sativa) e de bioacumulação de metais com oligoquetas edáficos (Eisenia andrei) foram executados conforme protocolos-padrão (OECD e ISO). Para o ensaio de germinação, o gradiente de dose de sedimento aplicado ao solo variou de 0 (solo puro) a 33%. Para o ensaio de bioacumulação, empregou-se a dose de 6,66%, com base em trabalhos prévios. A dose de sedimento capaz de inibir a germinação de 50% das sementes (CE50) foi estimada por meio da análise de PriProbit. Os resultados revelaram níveis maiores de ecotoxicidade para as misturas de latossolo (CE50=3,58%) em detrimento às de chernossolo (CE50=4,19%). A abundância de argilominerais expansivos e a alta fertilidade natural dos chernossolos podem ter contribuído para reduzir a ecotoxicidade desses tratamentos. O ensaio de bioacumulação com E. andrei revelou um balanço de massa positivo do mercúrio em tecidos de oligoquetas, sugerindo a ocorrência potencial de efeitos nocivos à saúde dos animais expostos. As concentrações de chumbo, cromo e níquel em tecidos de oligoquetas ficaram abaixo do limite de detecção, indicando baixa biodisponibilidade. As concentrações de zinco e cobre foram as maiores dentre os metais estudados, fato que pode estar atrelado ao papel essencial que esses metais desempenham no metabolismo desses animais.