Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)

TAXA DE ALOIMUNIZAÇÃO ERITROCITÁRIA EM UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

  • GS Reis,
  • SFS Viana,
  • TR Zatta,
  • LDCD Dias,
  • MJJ Almeida,
  • GBM Rodrigues

Journal volume & issue
Vol. 46
p. S856

Abstract

Read online

Introdução: A transfusão de sangue embora muitas vezes salve vidas não é isenta de riscos. Uma das complicações mais comuns é a aloimunização eritrocitária e estima-se que em pacientes politransfundidos a taxa de aloimunização varia de 10 a 35%. O desenvolvimento de aloanticorpos com importância clínica pode resultar em reações hemolíticas ou dificuldade em disponibilizar hemácias compativeis em futuras transfusões. O risco de desenvolvimento de aloanticorpos depende de fatores como o número e frequência de transfusões, gravidez, imunogenicidade do antígeno, resposta imune do receptor, etnia do paciente e diferença no padrão antigênico do doador e do receptor. Material e métodos: O estudo foi realizado no período de 18/09/2018 a 20/07/2024 e incluiu 1966 pacientes internados ou em regime ambulatorial atendidos no Hospital Universitário com indicação de transfusão de concentrado de hemácias (CH) e/ou de reserva cirúrgica de CH. Como objetivado neste estudo, estabelecemos protocolo de investigação imunohematológica para os pacientes com PAI (pesquisa de anticorpos irregulares) positiva utilizando dois painéis (LISS/Coombs e enzimático) de 11 células com uma configuração de antígenos especificamente selecionada para a identificação de anticorpos eritrocitários irregulares. Resultados: Um total de 115 pacientes teve PAI positiva, correspondendo a uma taxa de aloimunização de 5,90%. Considerando estes pacientes, observamos média de idade de 58 anos e mediana de 62 anos, predominância do gênero feminino com 67% (n = 77) e a tipagem sanguínea O RhD positivo em 40% (n = 46). A distribuição de cor foi respectivamente branca 57% (n = 65), parda 27% (n = 31), preta 16% (n = 18) e não declarado 1% (n = 1). A doença renal crônica foi o principal diagnóstico dos pacientes aloimunizados com frequência de 23% (n = 27); seguida das doenças oncohematológicas, 16% (n = 18) e tumores sólidos, 9% (n = 10). Identificamos 108 aloanticorpos com prevalência do aloanticorpo anti-E, 29% (n = 31), seguido de anti-K, 16% (n = 17). Desses 115 pacientes, 16% (n = 17) apresentaram associações de aloanticorpos contra antígenos de diferentes sistemas de grupos sanguíneos. Em cinco casos foram detectados aloanticorpos associados a autoanticorpos. Conclusão: A aloimunização pós-transfusional é a principal complicação de todas as observadas após um ou mais episódios transfusionais. É um problema clinicamente significativo e a morbidade e mortalidade da aloimunização é provavelmente subestimada.