Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

RECUPERAÇÃO DE SANGUE INTRAOPERATÓRIA EM CIRURGIA DE REVASCULARIZAÇÃO DO MIOCÁRDIO

  • SD Vieira,
  • FCV Perini,
  • KBL Burrata,
  • MA Cesar,
  • SMC Lira,
  • FO Braga,
  • TP Covas,
  • N Jones,
  • EAF Oliveira,
  • RC Souza

Journal volume & issue
Vol. 45
p. S749

Abstract

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A Cirurgia de Revascularização do Miocárdio (CABG) está entre os procedimentos cirúrgicos de grande porte, mais realizados mundialmente. Na última década, entretanto, teve um declínio de 30%, mesmo com evidências crescentes para apoiara eficácia e segurança da operação. Foi devido a aumento correspondente nos procedimentos de revascularização coronária percutânea.CABG é muito eficaz em fornecer alívio duradourode angina, mas na prática contemporânea, érealizada principalmente para melhorar a sobrevida depacientes com doença arterial coronariana.Esse grupo de pacientes está entre os maiores receptores de transfusão de hemácias, com uma proporção substancial do suprimento total disponível nos bancos de sangue. Por isso, buscou-se uma alternativa para diminuir essas transfusões de sangue alogênico, e suas possíveis complicações, através de uma técnica de conservação sanguínea como a recuperação de sangue autólogo do paciente, durante a sua cirurgia. Objetivo: Os objetivos deste estudo foram investigar os potenciais efeitos aditivos na eficácia e rendimento da recuperação de sangue autólogo intraoperatório e consequentemente, diminuir o número de transfusões e as possíveis reações do sangue alogênico. Metodologia: Avaliamos 324 pacientes, em 32 hospitais privados de 4 estados brasileiros (SP; RJ; BA; DF), no período de junho a dezembro de 2022, que utilizaram a recuperadora celular automatizada de sangue (Sorin – XTRA) durante a cirurgia de revascularização do miocárdio.Os programas originais dessas máquinas foram modificados, pois fizemos validações da qualidade do produto final e padronizamos como “GSH”. Nos antecedentes pessoais mais importantes e frequentes, tivemos HAS, DM e DAC. Resultados: A idade médiafoi de 63,7 anos (33/88) e o peso de 82,3 Kg (42/131). Em relação aos exames laboratoriais pré-operatórios, encontramos um hematócrito médio de 38,7% e uma hemoglobina de 12,3 g/dL. Os tempos médios de cirurgia, perfusão e anóxia foram de 4:5h; 1:47h e 68 min, respectivamente. O volume total de conc. hemácias autólogas recuperadas foram de 141.494 mL (121/2.864), o que equivale a 367,9 bolsas autólogas, sendo em média de 438 mL/paciente, correspondendo a 1,14 unidades de Concentrado de Hemácia (CH). No centro cirúrgico, a maioria dos pacientes (239%–73,7%) utilizaram apenas o sangue autólogo recuperado, sendo que apenas 55 pac. (17%) necessitaram de CH alogênicos (103 unid.) e 16 pacientes (4,9%) apresentaram intercorrências. Na UTI, 62 pacientes (19,1%) utilizaram CH alogênicos (137 unid.)e 60 pacientes (18,5%) tiveram intercorrências.Ocorreram 14 óbitos (4,32%). Tivemos 193 pacientes (59,5%), que se beneficiaram das recuperações de sangue autólogo e não utilizaram nenhuma transfusão de sanguealogênico. Conclusão: Em relação à literatura e de forma objetiva, nosso estudo confirmou o efeito positivo da recuperação de sangue autólogo intraoperatório na redução significativa da transfusão alogênica em pacientes submetidos à revascularização miocardia. Nós recomendamos fortemente o uso dessa técnica em todos os tipos de cirurgia cardíaca.