Raído (Apr 2012)
Carolina de Jesus e Clarice Lispector: discursos em diálogo
Abstract
Partindo do princípio de que o estatuto das vozes e seus discursos podem apontar para a (re)construção de sujeitos nos textos confessionais, este trabalho se propõe a verificar a multiplicidade de vozes que sonorizam as narrativas de autoras, sócio-culturalmente, diferentes – Meu estranho diário de Carolina Maria de Jesus (1914-1977) e Aprendendo a viver de Clarice Lispector (1920-1977). Em narrativas confessionais, observa-se que a “re-presentação” pode ser mediada por recortes afetivos que recuam, estabelecem filiações e vínculos com outros territórios enunciativos. Assim, os diários de Carolina e as crônicas confessionais de Clarice podem operar a desconstrução de binarismos, de forma tensa e ambígua, pois o próprio tecido ficcional se equilibra na fronteira entre referencialidade e representação.