Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)
EP-084 - LEISHMANIOSE TEGUMENTAR AMERICANA EM RORAIMA: PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE 2018 A 2022
Abstract
Introdução: A Leishmaniose Tegumentar Americana (LTA) é uma infecção parasitária transmitida por flebotomíneos. É causada por protozoários do gênero Leishmania, que infectam preferencialmente as células de Langerhans da pele e os macrófagos da mucosa orofaríngea, explicando assim as formas cutânea e mucosa da doença. No Brasil, a região Norte tem demonstrado grande importância na quantificação do número de casos diagnosticados de LTA, especialmente o estado de Roraima, que passou por profundas mudanças ambientais nos últimos anos, incluindo a ocupação de áreas florestais devido a atividades antrópicas, como a mineração. Isso aproxima a população humana de vetores e reservatórios silvestres, contribuindo para a manutenção do ciclo da leishmaniose. Objetivo: Caracterizar a epidemiologia da Leishmaniose Tegumentar Americana em Roraima. Método: Trata-se de um estudo descritivo sobre os casos confirmados de LTA em Roraima no período de 2018 a 2022. Os dados foram obtidos por meio do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Nesse contexto, foram selecionadas as seguintes variáveis: ano de diagnóstico, município de residência, idade, raça, sexo, forma clínica, critério de confirmação e evolução. Resultados: No período estudado, foram notificados 2.123 casos de LTA no estado de Roraima. Os anos de 2021 e 2022 apresentaram a maior porcentagem de casos confirmados (44,32%). Observou-se que o município de Boa Vista teve 42,06% dos casos, seguido por Pacaraima e Caroebe, com 10,17% e 9,70%, respectivamente. Além disso, a raça mais afetada é a parda, representando 58,13% da população. Verificou-se que o sexo masculino é o mais suscetível (81,58%), enquanto a faixa etária predominante é de 20 a 39 anos, equivalente a 49,13%. Em relação à doença, 93,03% são casos novos, prevalecendo a forma clínica cutânea e o critério de diagnóstico clínico-laboratorial. Destaca-se que 85,45% tiveram um bom prognóstico, evoluindo para a cura da doença. Conclusão: Os resultados encontrados demonstram um aumento no número de casos de LTA no último biênio, além de apontar os municípios mais afetados, o perfil dos indivíduos majoritariamente acometidos (homens pardos de 20 a 39 anos) e as características inerentes à doença. Essa análise pode direcionar o planejamento de abordagens para reduzir ou extinguir este problema negligenciado de saúde pública no estado.