Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)
EP-294 - PREVENÇÃO DA TRANSMISSÃO VERTICAL DE HIV EM SERVIÇO TERCIÁRIO: ANÁLISE RETROSPECTIVA DE 5 ANOS
Abstract
Introdução: Conforme a Organização Mundial da Saúde, eliminar a transmissão vertical do HIV é uma meta a ser atingida até 2030. Para isso, a qualidade da assistência e da formação técnica em saúde nos serviços e a disponibilidade de tratamento adequado para o binômio materno-fetal são fundamentais. Objetivo: Avaliar a carga viral, a contagem de células CD4 e a adesão à terapia antirretroviral entre gestantes, além dos indicadores de transmissão em serviço terciário de assistência pré-natal. Método: Neste estudo, observou-se o cuidado às gestantes que vivem com HIV/AIDS. Foram revisados dados clínicos de prontuários médicos no período de 5 anos, com foco no seguimento clínico dessas mulheres e nos indicadores de transmissão vertical. Essa assistência foi desenvolvida em um serviço hospitalar terciário, com participação interdisciplinar das equipes de Infectologia, Obstetrícia, Psicologia e Psiquiatria e com objetivo de oferecer suporte integral a essas mulheres. Resultados: Foram identificadas 41 gestantes com diagnóstico de HIV. Dentre essas mulheres, 7 (17%) descobriram a infecção por sorologia positiva durante os primeiros exames de pré-natal, com início imediato do cuidado e da TARV. No primeiro teste de seguimento, 51% das gestantes apresentaram carga viral detectável (maior que 40 cópias) e 26% apresentaram CD4 < 350, indicador de imunossupressão acentuada. Durante o período estudado, foi visto que a adesão a TARV foi adequada em 77% e a carga viral final foi indetectável ou menor que 40 cópias em 85% das pacientes, com apenas 3 (7,6%) pacientes acima de 400 cópias. Houve abandono de seguimento pré-natal por 2 mulheres. O parto foi realizado conforme protocolos institucionais - via de parto definida conforme carga viral na 34ª semana e condições obstétricas, sendo parto cesárea em 50% dos casos. Realizou-se AZT intravenoso para gestante e neonato se carga viral detectável. Com relação a transmissão vertical do HIV, não se identificou nenhum caso após realização de exames sorológicos e seguimento por 18 meses da criança. Conclusão: Demonstra-se que o cuidado integral às gestantes que vivem com HIV pode determinar a eliminação da transmissão vertical. Ressalta-se também a importância da estruturação dos serviços de atenção à saúde para esse objetivo. Além disso, observa-se uma alta adesão das pacientes à TARV durante o período gestacional e o seguimento após a gestação é fundamental para manter a vinculação ao tratamento.