Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2024)
TROMBOPROFILAXIA DE ROTINA PARA CRIANÇAS COM LEUCEMIA LINFÓIDE AGUDA: UMA REVISÃO DE LITERATURA
Abstract
Introdução e objetivo: A tromboprofilaxia refere-se ao uso de intervenções farmacológicas ou mecânicas para prevenir a formação de trombos em pacientes com risco aumentado de tromboembolismo venoso (TEV). Em pacientes com leucemia linfoblástica aguda (LLA), a tromboprofilaxia é relevante para prevenir complicações tromboembólicas. O objetivo deste trabalho é avaliar o benefício de realizar a tromboprofilaxia de rotina em crianças com LLA. Materiais e métodos: Trata-se de uma revisão literária realizada mediante análise de artigos publicados entre os anos de 2015 e 2024, escritos na língua inglesa, obtidos por meio da base de dados PubMed. Utilizaram-se as palavras-chave: (Thromboprophylaxis) AND (Children or Child) AND (Acute lymphoid leukemia OR Precursor Cell Lymphoblastic Leukemia-Lymphoma). Resultados: Podem ocorrer complicações durante a terapia de indução e consolidação na LLA, principalmente devido ao risco elevado de TEV associado ao uso de asparaginase, um componente essencial da quimioterapia realizada, que induz um estado de hipercoagulabilidade através da depleção de proteínas anticoagulantes e fibrinolíticas. Essa profilaxia é realizada utilizando fármacos anticoagulantes. A Heparina de Baixo Peso Molecular (HBPM), que é frequentemente utilizada e demonstrou reduzir significativamente a incidência de TEV em comparação com a heparina não fracionada. A suplementação de antitrombina também mostrou eficácia na redução do risco de tromboembolismo. Embora seja uma opção, a heparina não fracionada tem sido associada a um risco maior de TEV em comparação com a enoxaparina e a antitrombina. A apixabana ainda não tem seu uso bem estabelecido na pediatria. Discussão: Estudos recentes demonstraram que a profilaxia com HBPM, especificamente enoxaparina, ou antitrombina pode reduzir significativamente a incidência de TEV em comparação com a heparina não fracionada. A incidência de tromboembolismo foi menor nos grupos que receberam enoxaparina (3,5%) ou antitrombina (1,9%) em comparação com a heparina não fracionada (8,0%). Uma revisão sistemática e meta-análise também indicou que a HBPM é eficaz e segura na prevenção de TEV em crianças com câncer, incluindo aquelas com LLA. No entanto, a evidência sobre a eficácia de outras modalidades de profilaxia, como a reposição de antitrombina ou antagonistas da vitamina K, é menos conclusiva. Em contraponto, observou-se que os pacientes designados para anticoagulação profilática com apixabana, em comparação com o tratamento padrão sozinho, tiveram taxas semelhantes de trombose venosa sintomática e trombose venosa assintomática. Episódios de sangramento não graves (principalmente epistaxe) ocorreram com mais frequência no grupo apixabana. Esses dados não apoiam o uso rotineiro de tromboprofilaxia em crianças com LLA, embora possa ser justificado em pacientes selecionados com fatores de risco adicionais para trombose. Conclusão: A profilaxia com enoxaparina pode ser recomendada para crianças e adolescentes com LLA durante a terapia de indução, especialmente em pacientes com fatores de risco adicionais para TEV. A dosagem típica de enoxaparina é de 85 UI/kg uma vez ao dia, conforme investigado em estudos clínicos. A decisão de iniciar a profilaxia deve ser individualizada, considerando os riscos e benefícios para cada paciente. Estudos adicionais estão em andamento para avaliar a eficácia e segurança da profilaxia com HBPM em um desenho randomizado, o que pode fornecer mais dados robustos no futuro.