Plural (Aug 2018)

Esgarçamento do futuro

  • Bruno de Macedo Zorek

DOI
https://doi.org/10.11606/issn.2176-8099.pcso.2018.148913
Journal volume & issue
Vol. 25, no. 1

Abstract

Read online

Ao se acompanhar as representações de futuro da cidade de São Paulo produzidas ao longo da década de 1950, percebe-se uma importante mudança no sentimento hegemônico em relação a ele. No início da década, o futuro da cidade era visto com otimismo e dominantemente representado como o de um crescimento contínuo e ilimitado. No final da década, em contraste, continuava-se imaginando que o destino da metrópole seria crescer indefinidamente, mas isso passara a ser motivo de preocupação e pessimismo. A passagem de um sentimento ao outro é marcada, em um primeiro momento, pelo acirramento das discussões entre urbanistas que ocupavam posições importantes no campo político. No entanto, foi a partir da entrada vigorosa das ciências humanas nos debates sobre a cidade, que o pessimismo se consolidou como sentimento dominante. Como se procura argumentar ao longo do artigo, a mudança dos ânimos não foi fruto exclusivo da argumentação dos cientistas sociais e veio acompanhada de transformações na divisão do trabalho de dominação: figuras antes importantes nos debates sobre a cidade perderam espaço para um grupo de novos intelectuais, que se impuseram e passaram a controlar o debate público sobre São Paulo.

Keywords