Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)

OR-01 - FATORES DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE INFECÇÃO POR BACILOS GRAM-NEGATIVOS MULTI-DROGARRESISTENTES EM PACIENTES VÍTIMAS DE POLITRAUMA ADMITIDOS EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA DE REFERÊNCIA PARA TRAUMA DO HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE ME

  • Eusébio Lino dos Santos Júnior,
  • Carol Lee Luna Fernandes,
  • Alexandre Pereira Funari,
  • Lara Silva P. Guimarães,
  • Bárbara Almeida L. Castro,
  • Camila L.P.A.M. Bezerra,
  • Maristela Pinheiro Freire,
  • Roberta Muriel L. Roepke,
  • Estevão Bassi,
  • Matias C. Salomão

Journal volume & issue
Vol. 28
p. 103879

Abstract

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Introdução: O politrauma é uma doença importante no Brasil e mundo. O tratamento desses pacientes melhorou ao longo dos anos, com consequente aumento da sobrevida. Entretanto, o número de intervenções, tratamentos e dias em unidade de terapia intensiva (UTI), somados ao mecanismo e gravidade do trauma, podem se relacionar ao aumento de infecções relacionadas à assistência à saúde. Existem poucas informações e evidências sobre infecções bacterianas e resistência antimicrobiana em pacientes civis, não veteranos ou não combatentes de guerra, vítimas de trauma. Objetivo: Identificar os fatores de risco para infecções e colonização por bacilos gram negativos multi-drogarresistentes (BGN MDR) em pacientes internados em uma UTI de referência para trauma. Método: Durante 12 meses, os pacientes admitidos na UTI foram incluídos em uma coorte prospectiva. O paciente foi classificado como infectado por BGN MDR caso houvesse sido isolados BGN resistentes a carpabenêmicos (Enterobacterales, Acinetobacter baumannii ou Pseudomonas aeruginosa) em culturas de sítios estéreis, ou caso tivesse cultura positiva acompanhada de critérios clínicos para infecção. Dados demográficos, clínicos e referentes ao trauma foram comparados entre os pacientes com e sem infecção. Foi adotado nível de significância estatística p < 0.05. Para delinear os fatores de risco, lançou-se mão de regressão logística simples e múltipla. Resultados: Dos 308 pacientes, 158 (51%) eram politraumatizados e 23 (7.5%) tiveram infecção por BGN MDR (dos quais, 56.5% sofreram politrauma). O trauma não foi um fator de risco para infecção por BGN MDR (8.2% em politrauma vs. 6.7% não politrauma, p = 0.6), mas o tempo de internação foi (OR 1.05; IC 95% 1.03 - 1.07, p < 0.001). Colonização por BGN MDR ocorreu em 51 pacientes (17%) e os fatores de risco associados foram traumatismo cranioencefálico (OR 2.56; IC 95% 1.21 - 5.52, p = 0.014), uso de cateter venoso central (OR 2.83; IC 95% 1.32 - 6.50, p = 0.01) e uso de antibióticos nos últimos três meses (OR 4.49; IC 95% 1.49 - 13.19, p = 0.006). Conclusão: O trauma sozinho não foi diretamente causa de infecção por MDR, somente o tempo de internação; embora para a colonização, TCE e os fatores relacionados à internação, comorbidades do paciente e suporte de vida avançado estiveram relacionados a desfechos desfavoráveis.