AUTOCUIDADO EM ESCOLARES COM ANEMIA FALCIFORME: A PERCEPÇÃO DAS CRIANÇAS ACERCA DA DOENÇA

Abstract

Objetivo: Analisar como crianças escolares com anemia falciforme tem percepção acerca do manejo, cotidiano e autocuidado. Método: Estudo qualitativo com 14 escolares com anemia falciforme, acompanhados no ambulatório do Hemocentro Regional de Juiz de Fora – MG. A técnica utilizada foi a entrevista individual semiestruturada, transcrição dos dados e a análise a partir do software IRAMUTEQ. Ao importar o corpus textual configurado para o programa, dentro de 33 segundos foram obtidas 6 classes e 82,67% de retenção de seguimentos de texto Resultados: Na classe um as palavras associativas de χ²foram: gente, mamãe, jogar, frio, dia, roupa, esconder, bola, blusa. Quanto as consequências de correr muito nas brincadeiras, algumas crianças responderam que ficam cansadas e quando isso acontece tomam água e descansam, outras que sentem dor ou caem no chão e uma disse que se correr demais ela desmaia. Sobre a importância de usar roupas adequadas no calor e no frio somente duas crianças responderam que sabiam que era por causa da dor. Na classe dois as palavras associativas de χ²foram: mãe, dor, falar, pano, costas, dipirona, cansado, sentir, correr, quente, perna, colocar. A localização da dor foi mais frequentes entre os entrevistados, na cabeça, na barriga e nas costas. Quando as crianças foram perguntadas sobre como melhorar a dor, muitas responderam que avisam os pais e estes dão dipirona ou colocam “pano quente ”e uma criança falou sobre massagem no local da dor. Para controle e prevenção da dor algumas crianças responderam sobre não correr muito e se hidratar, algumas crianças referiram ficar quietas para a dor passar. Na classe três as palavras associativas de χ²foram: tirar, sangue, lua, meia, anemia, falciforme, transfusão. Assim, para a maioria das crianças a compreensão sobre a anemia falciforme é um pouco limitada, elas mostraram não entender bem o que acontece no corpo delas. Algumas falaram apenas o nome da doença e disseram não saber nada sobre ela, outras relataram ter um “probleminha”no sangue e uma criança afirmou que a anemia falciforme é um vírus. As crianças falaram sobre as idas constantes ao Hemocentro para consulta, exames e transfusões sanguíneas. Muitas relataram que vão tirar o sangue para exame de sangue e algumas referiram a exsanguíneotransfusão “tira o sangue e coloca outro sangue ”. As crianças falaram sobre o formato da hemácia, que é de meia lua. Quanto a esse formato, uma criança associou ao nado em temperatura fria, a dor e outra criança associou a queda. Na classe quatro as palavras associativas de χ²foram: Ácido, Fólico, Hidroxiureia, Amarelo, Exame, Esquecer, Rosa, Anemia, Falciforme, Sangue, Tomar, Dipirona. Algumas crianças esqueceram o nome da medicação, mas muitos conseguiram associar a cor e poucas crianças sabiam para o que serviam as medicações, algumas responderam que era para dor ou vitamina ou para crescer. Nas classes cinco e seis as palavras associativas de χ²foram: gosto, água, arroz, feijão, fritura, beber, macarrão, estrogonofe, batata, suco. A maioria das crianças falaram que tomam água em casa e na escola, apenas uma disse não gostar de água tomando apenas suco. Duas crianças falaram sobre a hidratação corporal e uma disse que a água ajudava nos exames de sangue. Duas crianças referiram que os professores não deixam tomar água na sala de aula. Na alimentação, poucas falaram que comem frutas e legumes e muitas crianças falaram que gostam de frituras, mas demonstraram entender que não podem comer todos os dias, outras disseram que comer todo dia enjoa e outras que faz mal. Considerações finais: Evidenciou-se que as crianças são capazes de compreender como se auto cuidar, mas necessitam de mais ensinamentos por parte dos responsáveis legais e da equipe multidisciplinar.