Revista Uningá (Jan 2021)
PREVALÊNCIA E O PROGNÓSTICO DA SÍNDROME DO ANTICORPO ANTIFOSFOLIPÍDEO EM PACIENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO
Abstract
O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença inflamatória crônica autoimune e sistêmica, caracterizada pela produção de autoanticorpos, formação e deposição de imunocomplexos, possuindo várias manifestações clínicas. Sua etiologia não é totalmente compreendida, contudo, sabe-se que fatores genéticos e ambientais influenciam seu desenvolvimento, afetando majoritariamente mulheres durante a idade reprodutiva. Entre as patologias associadas ao LES destaca-se a Síndrome do Anticorpo Antifosfolipídeo (SAF) caracterizada por tromboses recorrentes e perdas fetais repetitivas. O objetivo do presente estudo foi realizar uma revisão bibliográfica a fim de relacionar a prevalência e os mecanismos fisiopatológicos da SAF em pacientes com LES. Foi realizada uma revisão sobre a associação da SAF em pacientes lúpicos, utilizando as bases de dados PubMed, Scielo, Google Acadêmico, Ebsco e DynaMed. Os descritores incluíram “systemic lupus erythematosus”, “antiphospholipid syndrome” e “SAF”. O LES é uma doença autoimune, crônica, inflamatória e multissistêmica. Suas principais manifestações clínicas são manchas cutâneas e eritematosas; além de efeitos sistêmicos como fraqueza, febre, anorexia e emagrecimento. Ao acometer órgãos específicos, pode resultar em artrite, cardiopatias, neuropatias, nefrite e distúrbios hematológicos. Por sua vez, a SAF é detectada presença de anticorpos antifosfolipídeos (aPL) detectados por meio de marcadores laboratoriais. Os critérios clínicos para SAF são dados pela presença de trombose vascular e elevada morbidade gestacional. A SAF secundária é comumente associada ao LES com incidência de 50% em pacientes lúpicos, acarretando maiores riscos de desordens vasculares, como a doença arterial coronariana, acidente vascular cerebral, aterosclerose e trombose, podendo resultar em tromboembolismo. O prognóstico da SAF é condicionado a diversos fatores. Entre os critérios de mau prognóstico cita-se o próprio LES devido a piora clínica estar relacionada a lesões renais, neuropatias, comorbidades cardiovasculares e hematopoiéticas. A SAF, associada ao LES, pode provocar danos em órgãos que antes não eram acometidos. Assim, reduz a qualidade de vida do paciente uma vez que eleva a probabilidade de trombose, morbidades na gestação e disfunções valvares. Pacientes com lúpus que desenvolvem SAF, devido seu caráter trombofílico, apresentam piora em seu prognóstico. Embora, existam poucos estudos, conclui-se que a associação do lúpus com a SAF, gera complicações adicionais ao lúpus por acometer locais distintos as lesões originais, sendo um dos principais fatores de piora no prognóstico. Mais estudo com enfoque nessa área, são necessários para avaliar o estado do paciente lúpico com desenvolvimento da SAF, assim como sua prevenção, tratamento e qualidade de vida.