Cadernos de Saúde (Dec 2011)

Prevalência de excesso de peso e de obesidade em crianças do 1.º Ciclo do Ensino Básico

  • Maria João Monteiro,
  • Cátia Almeida,
  • Amâncio Carvalho,
  • Elza Lemos,
  • José Manuel Dias

DOI
https://doi.org/10.34632/cadernosdesaude.2011.3045
Journal volume & issue
Vol. 4, no. Especial

Abstract

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A OMS estima que, em 2010, na Europa, 150 milhões de adultos e 15 milhões de crianças e adolescentes sejam obesos, e desde 1980, em muitos países europeus, os casos de obesidade têm triplicado, calculando‑se que a este ritmo, em apenas cinco anos, aumentará para 20 milhões. Estudos recentemente realizados por Lobstein, Bauer e Uauy (2004), vieram comprovar que Portugal, Grécia, Itália e Espanha lideram a lista dos países relativamente à prevalência de excesso de peso em crianças e adolescentes: cerca de 10% apresentam excesso de peso, com risco aumentado de desenvolvimento de doenças crónicas e outras co‑morbilidades antes ou durante a vida adulta. A obesidade pode ter início em qualquer época da vida, mas o seu aparecimento é mais comum no primeiro ano de vida, entre os cinco e os seis anos de idade e na adolescência. Estamos perante uma doença epidémica de contornos difíceis de controlar, à medida que o número de crianças obesas vai crescendo, de forma mais acentuada nos países mais desenvolvidos com proporções que começam a substituir a desnutrição e as doenças infecciosas (Mourão‑Carvalhal et al., 2007). Apesar de se terem concentrado esforços na área de saúde pública e na prevenção das doenças não transmissíveis, dando ênfase à redução da obesidade, à modificação do padrão alimentar e à diminuição do sedentarismo a magnitude das suas proporções coloca‑a como um flagelo social. Portugal encontra‑se numa das posições mais desfavoráveis do cenário europeu, sendo um dos países com maior prevalência de obesidade infantil, evidenciando valores de excesso de peso nas crianças entre os 7‑11 anos que já ultrapassam 30%, e em crianças dos 3 aos 6 anos atinge 23,6%, mostrando que esta conjuntura começa cedo, agravando‑se com a idade (Rito e Breda, 2006). Também no estudo de Mourão‑Carvalhal et al., (2007) o número de crianças obesas tem vindo a aumentar consideravelmente, com a taxa de incidência aos 6 e 11 anos, a aumentar de 4% e 7% para 11% e 15%, respectivamente. De um modo geral, as crianças estão cada vez mais gordas e assiste‑se a um aumento da prevalência de jovens obesos, com maior percentagem de crianças obesas entre os 7 e os 9 anos de idade (Padez et al., 2004). Problema de saúde pública intrinsecamente ligado à inactividade física que parece contribuir da mesma forma que a ingestão excessiva de alimentos. O presente estudo visa contribuir para a obtenção de uma base de informação relevante no que concerne à monitorização do excesso de peso e obesidade, hábitos alimentares e de actividade física, em crianças do 1.º Ciclo do Ensino Básico, e contribuir para uma maior eficácia das estratégias de intervenção que visem o controlo deste problema.

Keywords