Revista de Saúde Pública (Jun 1999)

Análise de tratamento anti-rábico humano pós-exposição em região da Grande São Paulo, Brasil Analysis of human anti rabic post exposure treatment in an urban region of Southeastern Brazil

  • Rita C. M. Garcia,
  • Silvio A . Vasconcellos,
  • Sidnei M. Sakamoto,
  • André C. Lopez

DOI
https://doi.org/10.1590/S0034-89101999000300011
Journal volume & issue
Vol. 33, no. 3
pp. 295 – 301

Abstract

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INTRODUÇÃO: O tratamento de seres humanos expostos ao risco de infecção pelo vírus rábico ainda pode incluir a ocorrência de reações pós-vacinais indesejáveis, tanto de ordem local como geral. A análise sistemática dos informes epidemiológicos de pacientes submetidos a este tipo de tratamento poderá oferecer subsídios para a modificação desta situação. Foram analisados os registros de tratamento dessa zoonose visando à melhoria do seu controle. MÉTODOS: Foram analisadas através do programa Epi Info as fichas de investigação epidemiológica da raiva de 8.758 habitantes do Município de Osasco, SP (Brasil), atendidos no período de 1984 a 1994. A vacina utilizada foi do tipo Fuenzalida & Palacios. RESULTADOS: Constatou-se a existência de maior risco de exposição para os indivíduos do sexo masculino, com cinco a nove anos de idade. As agressões ocorreram com maior freqüência no domicílio da vítima e os cães foram os principais responsáveis. Dos cães e gatos envolvidos, respectivamente 51,0% e 73,2% não haviam sido imunizados contra a raiva. Nos pacientes com até nove anos de idade as localizações de lesão mais freqüentes foram: cabeça (36,6%) e membros superiores (35,1%); quando a faixa etária ultrapassava os nove anos as áreas mais acometidas foram membros superiores (45,8%) e membros inferiores (43,7%). Dos pacientes analisados, 26,5% já haviam recebido vacinação anti-rábica anterior e 90, 7% procurou a orientação médica em até cinco dias da agressão. Para 41,9% foi prescrita unicamente a vacinação e para 0,05 ‰ a soro-vacinação. CONCLUSÕES: Houve 11,7% de abandonos a tratamentos e 51,3% foram dispensados do mesmo em função da observação animal. Dos pacientes tratados com vacina ou soro-vacinação houve 0,25% de acidentes pós-vacinais, dos quais 0,3‰ do tipo neurológico. Os meses de março, julho, agosto e setembro foram os de maior procura.INTRODUCTION: The treatment of human beings with risk of exposure to rabies virus infection still presents some cases of undesirable post treatment reactions. The knowledge resulting from the regular analysis of the epidemiological features associated with these practices would minimize the occurrence of these troubles. METHODS: The records of the treatment of 8,758 human anti-rabies cases performed in Osasco City, S. Paulo, Brazil between 1984 and 1994 with Fuenzalida & Palacios vaccine and/or anti-rabies serum produced in equines were analysed by Epi Info program. RESULTS: It was found that the higher risk of exposure was for male children of from five to nine years of age. The most frequent scene of aggression was the victim's own house. Dogs were responsible for most of the accidents (62.8%); the majority of dogs and cats involved had not been immunized against rabies (51.0% of dogs and 73.2% of cats). Most people aged nine or under were attacked in the head (36.6%), followed by the upper limbs (35.1%); above this age the part of the body most frequently hurt was the upper (45.8%) and lower limbs (43.7%); 26.5% of patients had already been vaccinated against rabies at least once in their lifetime; 90.7% of them sought medical care within five days, anti-rabies treatment was prescribed for 41.9% of them. CONCLUSIONS: Post vaccinal reactions were observed in 0.25% of the patients 0.3% of which were of neurological; 80.1% of the dogs and 58.4% of the cats involved coere kept under observation. The months of March, July, August and September presented the highest aggression rates.

Keywords