Hematology, Transfusion and Cell Therapy (Oct 2023)

A IMPLANTAÇÃO DE UM LABORATÓRIO DE IMUNO-HEMATOLOGIA EM UM HEMONÚCLEO NO INTERIOR DO PARANÁ

  • RG Costa,
  • CL Prochaska,
  • VAM Mendes,
  • MB Machado,
  • FVT Alves,
  • BA Fabris,
  • JT Guebert,
  • AMB Machado

Journal volume & issue
Vol. 45
pp. S734 – S735

Abstract

Read online

Introdução: Um laboratório de referência em Imuno-hematologia, é fundamental para garantir um suporte transfusional de qualidade na elucidação de casos complexos: identificando anticorpos irregulares, realizando a fenotipagem de doadores e pacientes, selecionando e disponibilizando hemocomponentes compatíveis para a transfusão, ou seja, proporcionando uma maior segurança transfusional. Objetivos: Relatar a implantação do Laboratório de Imuno-Hematologia no Hemonúcleo de Ponta Grossa, PR. Relato de experiência: No Hemonúcleo de Ponta Grossa, no interior do Paraná, até Junho de 2022 o atendimento às requisições de transfusão incluía somente a realização de testes pré-transfusionais obrigatórios (tipagem ABO/Rh, PAI e PC) com a metodologia em tubo. Na ocorrência de alguma dificuldade transfusional, uma vez que não havia insumos e equipamentos no local para testes complementares, solicitava-se o suporte do Hemepar coordenador em Curitiba-PR, distante cerca de 120 km. Todos estes entraves geravam transtornos para o adequado atendimento às requisições de transfusão em pacientes com PAI positiva, provas cruzadas incompatíveis ou fenotipados em programa de transfusão crônica. O tempo médio para resolução da dificuldade transfusional, levando em consideração a realização dos testes em tubo, acionamento de motorista, envio de amostra, realização dos testes no Hemocentro coordenador, retorno do motorista, realização das provas cruzadas no Hemonúcleo de Ponta Grossa e liberação das bolsas à instituição solicitante era de 10‒12h (podendo chegar a mais de 24h nos fins de semana e feriados). Em Julho de 2022 houve a implantação do Laboratório de Imuno-Hematologia em Ponta Grossa, com a organização da estrutura, recebimento de equipamentos e a capacitação dos farmacêuticos-bioquímicos para a utilização da metodologia de gel centrifugação para a resolução das dificuldades transfusionais in loco, tornando-se referência em Imuno-Hematologia para duas regionais de saúde, as quais incluem 19 municípios, totalizando uma população de quase 1 milhão de pessoas. Resultados e discussão: Desde então, entre julho de 2022 e junho de 2023 foram solucionados 118 casos de pacientes com PAI positiva e/ou provas cruzadas incompatíveis. Nesse mesmo período foram fenotipados 553 doadores. A média de casos no período foi de quase 10 por mês e a média de doadores fenotipados foi de quase 47 por mês. Após a implantação do serviço no município o tempo médio para a resolução das dificuldades transfusionais (identificação do anticorpo, fenotipagem do paciente e seleção de bolsas com fenótipos e provas cruzadas compatíveis) a partir do recebimento da amostra até a liberação para a instituição solicitante passou a ser de 2h 30 min, sendo a maioria dos casos solucionados em até 2h, resultando em um processo de atendimento muito mais célere. Conclusão: A descentralização de atividades de maior complexidade, desde que contando com equipe capacitada, insumos, equipamentos e estrutura adequados, favorece o atendimento com maior presteza, segurança e qualidade ao paciente que necessita de transfusão de urgência. Além disso, a implantação dos laboratórios de imuno-hematologia em unidades do interior do estado promove uma maior autonomia para a tomada de decisão da equipe multiprofissional, a diminuição de custos relacionados ao transporte de amostras e é capaz de levar a formação de um banco de doadores fenotipados locais para o atendimento dos pacientes da região e de toda a hemorrede.