Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)

COVID LONGA: ESTUDO MULTICÊNTRICO BRASILEIRO

  • Ana Paula Bandeira Barboza,
  • Alessandra Luna-Muschi,
  • Debora de Souza Faffe,
  • Elisa Teixeira Mendes,
  • Igor Borges,
  • Rafael Mello Galliez,
  • Fabio Leal,
  • Erika Manuli,
  • Fabio Ghilardi,
  • Vanderson Sampaio,
  • Ester Cerdeira Sabino,
  • Terezinha Marta Castiñeiras,
  • Silvia Figueiredo Costa

Journal volume & issue
Vol. 27
p. 102899

Abstract

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Introdução: a infecção pelo SARS-CoV-2 pode levar a persistência ou desenvolvimentos de sintomas além da fase aguda da doença, conhecida como COVID longa. Estima-se que 10-20% dos infectados evoluam com sintomas a longo prazo. Métodos: Realizado estudo observacional multicêntrico com 2 coortes de indivíduos: coorte retrospectiva composta por infectados de setembro 2020 a dezembro 2021 (4 centros de São Paulo), e coorte prospectiva composta de profissionais de saúde, infectados de janeiro a dezembro 2022 (2 centros de São Paulo e 1 do Rio de Janeiro). Utilizado questionário eletrônico para avaliação sociodemográfica, comorbidades, imunização contra COVID-19, número de episódios de COVID-19, gravidade da doença e presença de 12 sintomas relacionados à COVID-19. O questionário foi aplicado 12 a 15 meses e 1 a 2 meses após o diagnóstico nas coortes retrospectiva e prospectiva, respectivamente. COVID longa foi definida como persistência ou desenvolvimento de 1 ou mais sintomas além de 4 semanas de infecção aguda. Os preditores de COVID longa foram avaliados com teste qui-quadrado, e variáveis com p < 0,05 foram incluídas no modelo de regressão logística. O software SPSS, versão 20, foi utilizado para análises estatísticas. Resultados: Incluídos 1907 indivíduos, 76% (n = 1456) pertencentes à coorte prospectiva e 24% (n = 451) à retrospectiva. Mediana de idade 40 anos (28-53), 74% (n = 1409) do sexo feminino. Reinfeção ocorreu em 28% (n = 533) e doença grave em 0,05% (n = 105). Imunização completa com 1 ou 2 doses de reforço em 54% (n = 1037) e 12% (n = 229), respectivamente. Ausência de comorbidades em 67% (n = 1272). COVID longa foi identificada em 67% (n = 1281). Sintomas mais prevalentes: fadiga (60%, n = 771) e dificuldade de concentração (55%, n = 705). Os preditores de COVID longa foram sexo feminino (p < 0,001; OR2,33), número de infeções (p < 0,001; OR 2,20), gravidade da doença (p = 0,01; OR2,04) e presença de comorbidades (p < 0,001; OR 1,60, 1 comorbidade; p = 0,001; OR 2,02, 2 comorbidades e p = 0,001; OR 3,29, 3 ou mais comorbidades). O grau de imunização no momento da infecção demonstrou ser protetora nos vacinados com 1dose (p = 0,034; OR 0,51), 2 doses (p = 0,002; OR0,55); 2 doses e 1 reforço (p = 0,001; OR0,57) e 2 doses e 2 reforços (p < 0,001; OR0,30). Conclusão: a prevalência de COVID longa foi elevada. Sexo feminino, gravidade da COVID-19, número de infecções e presença de comorbidades foram associadas com maior risco. O grau de imunização no momento da infecção aguda mostrou-se protetor

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