Revista Temas em Educação (May 2020)

TORRE DAS DONZELAS: MEMÓRIAS DAS EXPERIÊNCIAS DE LIBERDADE E RESISTÊNCIA NO CÁRCERE

  • Vanda Lúcia Praxedes,
  • Haydenée Gomes Soares Manso

DOI
https://doi.org/10.22478/ufpb.2359-7003.2020v29n2.53027
Journal volume & issue
Vol. 29, no. 2
pp. 325 – 350

Abstract

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O artigo discute as relações entre cinema, história e memória de mulheres, presas políticas que fizeram oposição e resistência ao regime militar brasileiro na década de 1970, com base na análise do documentário Torre das Donzelas (2018). O documentário reúne depoimentos de mulheres que foram perseguidas, presas e confinadas no Presídio Tiradentes, na ala feminina, denominada ‘Torre das Donzelas’. No que se refere ao campo das relações entreCinema e História, apresenta-se a obra cinematográfica, ao mesmo tempo, como ‘fonte, sujeito,tecnologia emeio de representação’para a análise histórica. A utilização da fonte fílmica como corpusdocumental, a análise dos discursos e práticas cinematográficas têm permitido, aos historiadores da área de história cultural, política, bem como aos cientistas sociais, observarem, também, os usos, recepções e apropriações dos discursos em obras cinematográficas. Quanto à memória entendida como de relações de poder ‒ como um campo de conflitos, disputas, embates e disputas de narrativas de um determinado evento, entre grupos e/ou comunidades,que pode serobservado naconstrução deuma ‘memória oficial’ procurando silenciar e sesobreporàs chamadas ‘memórias subterrâneas’ ‒, a análise fílmica possibilitou a reflexão sobre a construção de outra memória sobre as graves violações dos direitos humanos vividas por um grupo de mulheres no período do regime militar. A prisão, as torturas vivenciadas por essas mulheres, certamente, constituíram traumas permanentes, mas, também, foram construídas, nesse processo, várias formas de resistências no cárcere, sem perder a própria humanidade e a importância da luta.

Keywords