Revista Eco-Pós (Dec 2015)
Furiosas frivolidades: artifício, heterotopias e temporalidades estranhas no cinema brasileiro contemporâneo
Abstract
Pretendemos investigar a partir de quatro filmes — Branco sai, preto fica, Brasil S.A., Medo do escuro e Batguano — a emergência da ficção científica como uma porta de acesso a estéticas mais artificiais no cinema brasileiro. Vamos pensar a ficção científica como um elogio do artifício, trazendo à tona uma série de estratégias estilísticas marcadas pela nostalgia, pelo barroquismo visual, pelo antinaturalismo, pelos excessos performáticos e pelas formas de tornar estranhos espaços muito familiares. Talvez a característica mais interessante e paradoxal desses filmes seja a articulação da política a partir de um gênero normalmente considerado “frívolo”, menor. Ou seja, a partir do que poderíamos pensar como uma “furiosa frivolidade”, construída com uma atenção muito dirigida a elementos como figurino, direção de arte, cenografia, os filmes propõem heterotopias fílmicas, exercícios de resistência ou premonições sombrias.