Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2024)
EP-242 - PARACOCCIDIOIDOMICOSE INTESTINAL - RELATO DE CASO
Abstract
Introdução: A paracoccidioidomicose (PCM) é uma micose sistêmica, causada por fungos dimórficos, pertencentes ao gênero Paracoccidioides spp. Destaca-se como a oitava causa de morte por doenças infecciosas e parasitárias predominantemente crônicas. Suas manifestações clínicas variam de acordo com o estado imunológico do indivíduo, podendo disseminar-se via linfo-hematogênica em diferentes órgãos abdominais, causando linfadenopatia, hepatomegalias e esplenomegalia. O diagnóstico definitivo necessita de avaliação clínica especializada, pois é dependente da correlação dos sintomas com a identificação das estruturas patognomônicas do patógeno. Objetivo: Relatar caso clínico raro de PCM intestinal, a fim de propagar conhecimento e auxiliar no prognóstico desta doença. Método: Descrever informações clínicas da paciente e discuti-las com base na literatura. Resultados: Paciente do sexo feminino, 44 anos, residente da cidade de Sorocaba (SP), foi atendida no Complexo Hospitalar de Sorocaba relatando dores abdominais. Tomografia computadorizada do abdome superior resultou em múltiplas linfonodomegalias intra-abdominais e espessamento parietal no cólon ascendente. Colangiorressonância evidenciou fígado com dimensões aumentadas e esplenomegalia, sugerindo diagnóstico de neoplasia. Após biópsia de cólon, as colorações HE e Grocott revelaram processo inflamatório granulomatoso, com estruturas fúngicas leveduriformes, de parede grossa, com brotamentos simples ou múltiplos compatíveis com Paracoccidioides spp. Conclusão: A PCM acomete de forma proeminente pulmões, gânglios linfáticos e pele. A disseminação intestinal ocorre em 7% dos casos. Os achados radiográficos são inespecíficos, podendo ser confundidos com outras doenças granulomatosas e linfoma. Raramente a paracoccidioidomicose é considerada no diagnóstico diferencial, o que favorece a progressão da doença. O diagnóstico padrão-ouro da PCM é a visualização microscópica das estruturas fúngicas, realizada por meio do exame micológico direto ou histológico. O exame histopatológico permite a visualização do fungo em colorações específicas, podendo guiar a terapêutica e reduzir tratamentos desnecessários. A disseminação do conhecimento coletado de dados clínico-epidemiológicos e micológicos em todas as regiões é um passo fundamental para o diagnóstico precoce, tratamento e estabelecimento de assistência integral ao paciente.