Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)

CENÁRIO EPIDEMIOLÓGICO DOS INTERNAMENTOS POR TUBERCULOSE MENINGOENCEFÁLICA NO BRASIL

  • Vinicius Nascimento dos Santos,
  • Ana Gabriela Álvares Travassos

Journal volume & issue
Vol. 27
p. 103617

Abstract

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Objetivo: Descrever o cenário epidemiológico dos internamentos por tuberculose meningoencefálica no Brasil, entre 2013 e 2022. Método: Estudo epidemiológico, descritivo, baseado em dados dos internamentos por tuberculose meningoencefálica, obtidos no Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH), na plataforma do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), de 2013 a 2022, no Brasil. Resultados: No período, foram 2.722 internamentos por tuberculose meningoencefálica no Brasil. O Sudeste, Nordeste e o Sul corresponderam, respectivamente, por 42,9%, 20,7% e 19,7% dos internamentos. Já as unidades federativas com os maiores números de hospitalizações foram São Paulo (25,6%), Rio Grande do Sul (10,8%), Minas Gerais (7,8%), Rio de Janeiro (6,9%) e Pará (6,6%). Sobre o perfil dos pacientes internados, 65,2% eram do sexo masculino, 46,7% pardos/pretos e 70,9% tinham entre 20 e 59 anos. No país, a média de permanência na unidade hospitalar e a taxa de mortalidade foram, nessa ordem, 15,8 dias e 11,1 (por 100.000 habitantes), enquanto, nas regiões Norte, Sudeste e Sul foram de 17,4, 16,4 e 14,4 dias e taxas de 11,3, 12,9 e 10,0. Contudo, foi observado taxas de mortalidade maiores nos indivíduos com 50 a 59 anos (12,7), de 70 a 79 (25,7) e com mais de 80 anos (28,1). Os serviços públicos, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), foram responsáveis por 76,1% das hospitalizações, de modo que estes custearam 79,6% dos gastos. Entre 2013 e 2022, os custos com estas hospitalizações totalizaram R$ 6.101.184,30 e um valor médio por internamento em 2022 de R$ 3.219,16. Conclusão: O presente estudo demonstrou um número importante de internamentos por tuberculose meningoencefálica, com destaque para as regiões Sudeste, Nordeste e Sul. Foram observados internamentos prolongados e altas taxas de mortalidade, principalmente acima dos 50 anos. Destaca-se ainda os altos custos com as hospitalizações. Diante desse cenário, é fundamental a implementação das políticas públicas de combate à TB, em articulação com todos os níveis de assistência, de modo a potencializar as ações de prevenção, rastreamento das populações com maior prevalência, diagnóstico precoce e tratamento de todas as formas da doença, visando assim reduzir a morbimortalidade relacionado a este agravo.

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