Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)

ENTEROCOLITE NECROSANTE EM RECÉM-NASCIDOS PREMATUROS: UMA SÉRIE DE CASOS

  • Virgínia Menezes Coutinho,
  • Fernanda Lopes de Albuquerque Rodrigues,
  • Adelia Cristina Monteiro Pereira Maciel,
  • Rafaela Queiroz Ferreira Barros,
  • Danylo César Correia Palmeira

Journal volume & issue
Vol. 27
p. 103362

Abstract

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A Enterocolite Necrosante (EN) é uma doença gastrointestinal multifatorial enquadrada como sepse tardia e pode acometer os neonatos. É considerada uma causa relevante de morbimortalidade em prematuros, estando presente de forma significativa nas internações em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN). Essa patologia tem como fatores de risco a Idade Gestacional (IG), que é inversamente proporcional à incidência, o baixo peso ao nascer, alterações locais e sistêmicas de fluxo sanguíneo, tipo e progressão de dieta, entre outros. Assim, é necessário compreender as características dos casos ocorridos, especialmente em surtos, para que sejam tomadas as devidas providências de prevenção e controle. Isso posto, relatamos a ocorrência de um surto de EN na UTIN no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco. Trata-se de estudo descritivo, quantitativo e retrospectivo, cujos dados foram obtidos da Comissão de Controle de Infecções relacionadas à Assistência (CCIRAS) do Hospital e da UTIN. Foram notificados, entre dezembro de 2022 e junho de 2023, nove casos de EN, dos quais sete foram prematuros de IG variando entre 27,4 e 36,7 semanas e peso ao nascer entre 615 e 4050g. Ademais, quatro dos pacientes são gemelares, cuja IG varia entre 27,4 e 30 semanas, e predominantemente classificados com extremo baixo peso ao nascer. O desfecho de óbito ocorreu em cinco prematuros com idade gestacional igual ou menor a 30 semanas, de extremo baixo peso ao nascer ou muito baixo peso ao nascer, sendo apenas um deles relacionado a outras causas diferentes da EN. Dentre os óbitos, também foi notado o quadro de sepse ou infecção pré-diagnóstico de EN em 80% dos casos. A prematuridade com baixa IG e baixo peso ao nascer se revelaram como os fatores de risco preponderantes associados aos quadros de EN, especialmente naqueles associados a sepse. Outros fatores, como uso de fórmula artificial ou cirurgia abdominal não se mostraram tão importantes para um desfecho negativo nos casos analisados. A gemelaridade, apesar de não ser um fator de risco, está relacionada ao parto prematuro, o que pode indicar a relação com o alto número de casos de EN em gêmeos. A análise dos dados e o diagrama de Ishikawa sobre o surto possibilitaram um plano de ação para prevenção de novos casos, intervenção via visitas técnicas e educação permanente para os profissionais da UTIN, objetivando prevenir a sepse neonatal anterior à EN, intervindo no principal fator de risco prevenível.

Keywords