Brazilian Journal of Infectious Diseases (Oct 2023)

LEISHMANIOSE TEGUMENTAR DISSEMINADA EM PACIENTE COM DIAGNÓSTICO RECENTE DE HIV NA AMAZÔNIA OCIDENTAL: RELATO DE CASO

  • Caroline Nascimento Maia,
  • Felipe Almeida Rosa,
  • Cipriano Ferreira da Silva Junior,
  • Rayra Menezes de Almeida,
  • Vera Ianino Rocha Tavares

Journal volume & issue
Vol. 27
p. 103024

Abstract

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Introdução: A leishmaniose é caracterizada por grupo de doenças de evolução crônica, acometendo pele, mucosas e estruturas cartilaginosas da nasofaringe, de forma localizada ou difusa. São transmitidas por vetores de um grupo heterogêneo de protozoários pertencentes ao gênero Leishmania. As manifestações clínicas variam de úlceras cutâneas a doenças sistêmicas de múltiplos órgãos. O estado de Rondônia representa o terceiro maior número de casos notificados da região de norte de Leishmaniose Tegumentar Americana, é a segunda enfermidade causada por protozoário com maior número de casos notificados, apresentando no período de 2000 a 2010 média de 1.427 casos anuais. A Leishmaniose Disseminada é uma entidade rara, com incidência de 1-2 casos notificados no Brasil a cada ano. As duas espécies reconhecidas como causadoras desta síndrome são Leishmania braziliensis e a Leishmania amazonenses. Descrição do caso: Paciente Masculino, 55 anos, procedente de Porto Velho-RO, portador de infecção pelo vírus HIV de diagnóstico recente. Em março de 2023 notou surgimento súbito de lesões vesiculares e ulcerosas em palato duro e mucosa nasal, associadas a odinofagia e disfagia para sólidos. Após 2 semanas do quadro, referiu surgimento de lesões cutâneas disseminadas, inicialmente pápulo-vesiculares, com evolução para pústulas e crostas pruriginosas. O exame físico revelou lesões máculo-papulares e nodulares disseminadas, de variados tamanhos, com acometimento nasal e oral e estomatite moriforme no palato. Algumas lesões ulceradas evoluíram com necrose central e outras com infecção secundária associada, evoluindo com quadro de Sepse de Foco Cutâneo, com boa resposta à antibioticoterapia. Realizado raspado de lesão ulcerada, revelando numerosas formas amastigotas de Leishmania e resultado positivo para 18S em amostra de lesão de narina. Identificação de espécie realizada por RFLF com perfil de L. braziliensis. Iniciado tratamento com Anfotericina B Lipossomal 3 mg/kg/dia com boa resposta clínica e remissão progressiva das lesões de pele. Comentários: A leishmaniose disseminada em pacientes com HIV é uma comorbidade considerada grave e potencialmente fatal. O tratamento em pacientes com HIV é desafiador, requerendo terapias combinadas e monitoramento cuidadoso. Medidas preventivas, como o uso de repelentes e medidas de controle de vetores, são essenciais para evitar a infecção em áreas endêmicas.

Keywords