Brazilian Journal of Infectious Diseases (Jan 2022)

TIFLITE EM PACIENTE NÃO-NEUTROPÊNCO PORTADOR DE HIV/AIDS: RELATO DE CASO

  • Jaime Emanuel Brito Araujo,
  • Marília Cavalcanti Camêlo,
  • Daniel Pinheiro Callou Do Nascimento,
  • Jéssica Carvalho Dantas,
  • Júlia Regina Chaves Pires Leite,
  • Renata Salvador Gaudêncio de Brito,
  • João Paulo Ribeiro Machado,
  • Jack Charley da Silva Acioly,
  • Maria Aparecida de Souza Guedes

Journal volume & issue
Vol. 26
p. 101869

Abstract

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Introdução/Objetivo: Tiflite é uma doença descrita principalmente em pacientes neutropênicos, submetidos à quimioterapia para neoplasias hematológicas ou tumores sólidos, imunossuprimidos de causas variadas ou transplantados. Raros são os artigos que apresentam pacientes não neutropênicos, tendo em vista a fisiopatologia para instalação desta condição, que envolve a estase fecal na região do ceco, proporcionando proliferação bacteriana exacerbada, não inibida pela imunossupressão instituída. Objetivamos relatar um caso de Tiflite em paciente não-neutropênco portador de HIV/AIDS. Métodos: Análise de prontuário, descrevendo evolução, diagnóstico, tratamento e intervenção terapêutica. Resultados: Trata-se de caso de homem de 26 anos, admitido por dor abdominal em fossa ilíaca direita havia duas semanas, associada a febre esporádica, náuseas e palidez cutânea. Ao exame físico sem sinais de irritação peritoneal. Tomografia de abdome (TC) revelou espessamento de ceco com densificação dos planos periapendiculares e pericecais, linfonodos evidentes em fossa ilíaca direita. Tinha leucocitose absoluta, com total de 12.800 células, com o diferencial demonstrando neutrofilia relativa em 84%. Hemoglobina de 7,3. Quimioluminescência para o HIV 1 e 2 reagente. Contagem de linfócitos T CD4+ de 29 células/mm3. Diante da possibilidade de tiflite, iniciou antibioticoterapia com Meropenem associado a Amicacina. No 6º dia de internação, evoluiu com hematoquezia. Endoscopia digestiva alta descartou lesões. Colonoscopia evidenciou colite ulcerada em ceco com sinais de sangramento recente. Mantido antibioticoterapia por 21 dias. Iniciado esquema antirretroviral com esquema Tenofovir/Lamivudina/Dolutegravir. Nova TC de abdome mostrou regressão das lesões. Histopatológico de lesões ulceradas constatou processo inflamatório inespecífico, corroborando a hipótese de tiflite. Evoluiu com melhora clínica, recebendo alta hospitalar. Conclusão: A tiflite é uma causa rara de primeira apresentação da infecção pelo HIV. Apesar de tratar-se de um paciente imunossuprimido, este não possuía neutropenia. A tiflite deve entrar no diagnóstico diferencial de dor abdominal nos portadores de HIV gravemente imunossuprimidos, dado a alta mortalidade associada, sendo essencial o diagnóstico e tratamento precoces.