Psicologia: Reflexão e Crítica (Jan 2008)

Diferenças culturais e de gênero em conflitos de pré-escolares Cultural and gender differences in preschool children's conflicts

  • Maria de Lima Salum e Morais,
  • Emma Otta

DOI
https://doi.org/10.1590/S0102-79722008000200008
Journal volume & issue
Vol. 21, no. 2
pp. 221 – 232

Abstract

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O estudo compara episódios de conflitos entre crianças de quatro a cinco anos de idade, pertencentes a dois grupos culturais: um de uma grande metrópole (São Paulo) e outro de uma pequena comunidade praiana do estado de São Paulo (Ubatuba). Foram observadas 39 crianças (20 meninas e 19 meninos). Analisaram-se os motivos, as estratégias de oposição, as reações à oposição e o desenlace de conflitos. Nos dois grupos e gêneros, o motivo mais freqüente para os conflitos foi a disputa por brinquedos e as estratégias de resolução pró-sociais mesclaram-se com as coercitivas. Algumas diferenças comportamentais de gênero encontradas nas crianças de São Paulo, diferentemente do que se observou em Ubatuba, assemelharam-se às verificadas em estudos europeus e norte-americanos: os meninos se mostraram mais agressivos e as meninas, mais conciliadoras. As crianças paulistanas apresentaram maior número de táticas verbais, enquanto as estratégias diretas e proximais predominaram entre as ubatubanas. O estudo evidencia a importância de considerar as influências culturais na resolução de conflitos entre crianças.The study compares conflict episodes of four- to five-year-old children of two cultural groups: one from a big city (São Paulo), and another from a small seashore community in the State of São Paulo (Ubatuba). 20 girls and 19 boys were observed in their free preschool activities. Motives, strategies of opposition, reactions to opposition, and conflicts outcomes were analyzed. The most frequent motive for conflicts was the dispute for toys and other objects. Pro-social and coercive strategies were found in children from both genders and groups. Behavioral differences between genders in the children from São Paulo, differently from what occurred with the children from Ubatuba, were similar to those found in European an North American studies: boys used more aggressive tactics, while girls tended to be more conciliatory. São Paulo's children showed greater number of verbal tactics, while direct and proximal strategies prevailed among Ubatuba's children. The study evidences the importance of considering cultural influences on children's conflict resolution.

Keywords