Zero-a-seis (Nov 2019)
Dando voz às vozes das crianças: práticas e problemas, armadilhas e potenciais
Abstract
Neste artigo exploro as contribuições que os debates antropológicos da década de 1980 podem trazer sobre a cultura escrita podem ter para os estudos contemporâneos da infância dentro da Antropologia e das Ciências Sociais, em geral. Argumento que a atual retórica sobre "dar voz às crianças", um lugar comum tanto dentro quanto fora da academia, representa uma ameaça para o futuro da pesquisa da infância porque mascara uma série de problemas conceituais e epistemológicos importantes. Em particular, estes relacionam-se com questões de representação, autenticidade, diversidade de experiências das crianças e sua participação na pesquisa, todos eles necessitando serem abordados pelos antropólogos nas suas próprias práticas de pesquisa com crianças. A menos que os antropólogos o façam, a pesquisa da infância corre o risco de se tornar uma vez mais marginalizada e deixará de proporcionar uma arena dentro da qual as crianças são vistas como atores sociais, capazes de contribuírem com uma perspectiva única acerca do mundo social em relação a assuntos que lhes dizem respeito como crianças.